Os pais precisam estar atentos à dedicação constante dos filhos, independentemente da nota, e estimular uma boa base socioemocional para que prosperem nos estudos
Quando o assunto é escola, é comum que os pais acompanhem de perto o desempenho de seus filhos. Essa dinâmica pode ter efeitos positivos e negativos, dependendo da forma como é executada. O resultado positivo ocorre quando os responsáveis promovem o engajamento da criança ou adolescente em relação ao ambiente escolar. Mas, quando a relação é marcada por uma pressão que só estressa o estudante, por focar apenas no resultado, ou melhor, nas notas, o efeito pode ser prejudicial.
Para efetivamente ajudarem os filhos, é importante que os pais saibam o que configura um estudo proveitoso, além de tentar entender em qual estágio o jovem se encontra.
Até que ponto os pais devem cobrar seus filhos por boas notas?
"A cobrança faz parte da vida, mas deve ser proporcional. Talvez o mais importante seja cobrar esforço, dedicação, persistência, determinação, e não resultado", explica Eduardo Calbucci, autor do Programa Semente.
Ao exigir uma boa nota, os pais podem acabar desconsiderando o esforço realizado e, assim, gerar estresse, frustração e desânimo, o que desestimula aquele estudante a repetir o processo de estudo, já que não houve reconhecimento. Quando analisar uma nota, o adulto deve perguntar o nível de dedicação, entender o grau de dificuldade da prova e, a partir disso, guiar uma conversa acolhedora, focando nos frutos que ainda poderão ser colhidos.
"O resultado pode não ser tão bom, mas ele fez aquilo que era possível para conseguir, naquele instante, o melhor resultado possível. Então, na verdade, os pais devem conhecer os filhos e mostrar que o esforço é muito mais um preditor de sucesso futuro do que uma boa nota num exame isolado", completa o educador.
Como se atinge um bom resultado escolar
Na prática, o bom resultado acadêmico depende, principalmente, da coexistência das habilidades cognitivas e socioemocionais. "Não adianta muito um aluno ter muita competência em matemática, se ele não tem persistência ou calma na hora de fazer um exame. Também não adianta ter calma na hora de fazer um exame, se ele não tem o conhecimento técnico", ressalta Calbucci.
Sendo assim, é crucial que o estudante esteja focando nos dois campos e receba o apoio da família e da escola para isso. É isso que chamamos hoje de educação integral.
A influência do meio para um bom desempenho
O estudante pode até ter facilidade ou “talento” (isto é, uma alta velocidade de aprendizado) para algo, mas o esforço ainda será um fator mais determinante para o sucesso. Além disso, estar em um ambiente em que a educação é valorizada sempre que possível, tornará as crianças mais aptas a conseguir boas notas.
Como a família pode ajudar o estudante?
O principal papel da família é desenvolver as competências socioemocionais, sobretudo as de abertura ao novo (curiosidade, imaginação criativa e sensibilidade estética). "Quanto mais o aluno perceber que a escola é esse espaço de descoberta, de novidade, que pode levá-lo a ambientes e reflexões, até então, desconhecidos, melhor. Quando se encontra prazer nesse tipo de aprendizado, há muito mais chances de se manter o engajamento nos estudos", comenta Eduardo Calbucci, apresentando o reflexo positivo na vida acadêmica.
O ponto principal é perceber como a pressão, aplicada inapropriadamente, pode ter o efeito indesejado e desencorajar um estudante, fazendo com que ele não saiba modular os estados do medo, da raiva e da tristeza. O caminho é voltar o olhar para a dedicação e, assim, o bom resultado virá.