Responsáveis podem estimular a criança ou o adolescente a perceber que mudanças permitem a construção de novas e prazerosas relações sociais
Qualquer mudança pode provocar algum grau de insegurança. É um desafio lidar com o desconhecido. Por isso, crianças e adolescentes se assustarem com a troca de escola não é diferente. Novos ambientes, colegas e professores, em um primeiro momento, podem causar certo estranhamento. Soma-se a isso a saudade dos velhos amigos e professores. Tudo isso pode provocar comparações apressadas e, às vezes, certa resistência diante do novo. Por isso, não é incomum que estudantes queiram desistir de um novo colégio logo nos primeiros dias de aula.
Mas é preciso reconhecer que a mudança também pode sugerir novos caminhos e possibilidades. Esse lado é o que deve ser estimulado pelos pais, sem deixar, no entanto, de ouvir e acolher as inseguranças dos filhos.
Segundo Eduardo Calbucci, diretor-geral do Programa Semente, para ajudar a criança ou o adolescente nesse processo, uma saída é recuperar em sua memória experiências anteriores de mudanças positivas já vivenciadas.
“Num primeiro momento, eles estranharam, mas logo fizeram novas amizades, construíram novos hábitos e o que era diferente tornou-se familiar e acolhedor. Caso eles nunca tenham vivido experiências de mudança, os pais podem compartilhar suas próprias experiências”, afirma Calbucci.
Dependendo da faixa etária da criança, é aconselhável que os pais acompanhem as crianças mais de perto nos primeiros dias, dando oportunidade para que os filhos falem sobre as novas experiências.
“É importante dizer que crianças e adolescentes precisam ser encorajados e que os pais não devem se impressionar com as dificuldades iniciais. Dar espaço e tempo para que as crianças construam novas relações é parte do processo de socialização. Não se pode esquecer que apoiar os filhos não significa poupá-los de todas as dificuldades, que, afinal, fazem parte da vida”, completa o professor.
Apoio socioemocional
As competências socioemocionais estimulam o autoconhecimento e a modulação emocional, auxiliando crianças e jovens a lidar com os próprios sentimentos, relativizando dificuldades vistas em um primeiro momento como intransponíveis.
Para Calbucci, crianças que possuem essas competências mais bem desenvolvidas são mais perseverantes e constroem relações sociais e conexões humanas com maior facilidade. “Por isso, em ambientes em que a aprendizagem socioemocional é valorizada, crianças e adolescentes recebem novos colegas de forma mais acolhedora e empática, facilitando o processo de integração”, completa.