Autoconhecimento e autocontrole auxiliam no desenvolvimento de técnicas para flexibilizar reações
Atualmente, vivemos em uma sociedade mergulhada em paradoxos. Por um lado, a tecnologia facilita as tarefas do dia a dia com equipamentos e aplicativos e a internet permitem resolver uma série de problemas apenas com cliques. Por outro, essas facilidades também trazem muitas possibilidades e informações e acabamos sendo bombardeados por estímulos e demandas que invadem os espaços profissionais, as casas, os finais de semanas e os momentos de lazer. Um dos resultados dessa rotina pode ser a ansiedade.A percepção de estímulos e cobranças contínuas, em que 24 horas não são suficientes para dar conta de tudo, colabora para elevar os níveis de ansiedade e estresse. Segundo uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), 33% da população mundial sofre de ansiedade. Algumas vezes, o sintoma é pontual e está presente em momentos de muita aceleração de atividades. Em outras, ela se torna crônica e evolui para distúrbios físicos e psíquicos.
Como identificar a ansiedade
Segundo Tania Fontolan, diretora do Programa Semente, as crianças também estão expostas à aceleração da vida social porque percebem o ritmo dos pais e, por vezes, têm muitas atividades e estímulos. Tania afirma que domínios socioemocionais como autoconhecimento e autocontrole ajudam as crianças a refletirem sobre suas próprias emoções. Ao mesmo tempo, ajudam-nas a desenvolver ferramentas pessoais para flexibilizar reações de ansiedade excessiva. “Dessa forma, os pequenos conseguem reconhecer e lidar com ameaças imaginárias e podem expressar pedidos de ajuda quando avaliam que estão perdendo o controle da situação”, ressalta Tania.Até certo ponto, a ansiedade pode ser considerada boa, protetora diante de situações novas e atividades desafiadoras. Mas ela pode se tornar preocupante quando se torna disfuncional, impedindo e paralisando a criança que se vê tomada pelo medo, por preocupações excessivas, por ameaças imaginárias e pensamentos catastróficos. Alguns sinais disso são insônia, agitação excessiva e crises de choro frequentes.“É importante não classificar como problemáticos alguns desses comportamentos se aparecem de forma muito isolada e associados a uma situação específica. A persistência desses sinais, no entanto, deve mobilizar ações de apoio às crianças e auxílio para que superem o estado de ansiedade exagerada”, explica.