Professora conta como o Programa Semente tem auxiliado os estudantes do Ensino Fundamental II e Médio do Colégio Mater Amabilis, em Guarulhos, SP
Desde 2018, o Colégio Mater Amabilis, um dos mais tradicionais de Guarulhos (SP), adota o Programa Semente de aprendizagem socioemocional. O trabalho começou com os alunos do Ensino Fundamental II e, neste ano, incluiu também os estudantes do Ensino Médio.“Sentimos a necessidade de oferecer esse apoio nesse momento tão importante da vida deles, em que estão deixando de ser crianças para se tornarem adolescentes”, dizFernanda de Morais Silva, professora do colégio e responsável por aplicar o programa. “Nessa fase de transição, é essencial que eles tenham ferramentas para se conhecer melhor, conseguir regular as emoções e, assim, tomar as melhores decisões”.As aulas abordam cinco grandes temas da aprendizagem socioemocional – autoconhecimento, autocontrole, empatia, decisões responsáveis e habilidades sociais –, que são trabalhados de maneira diversa em cada série, de acordo com a faixa etária. No 6º ano, por exemplo, a abordagem recai sobre as emoções básicas, como alegria, tristeza e raiva. “Posteriormente, vão sendo introduzidas emoções mais complexas, como inveja, culpa, vergonha e ciúme que, em geral, as pessoas negam sentir. Fazemos um convite para cada um se conhecer, aceitar suas emoções e regulá-las”, afirma a professora.De acordo com ela, os alunos são muito receptivos e aceitaram muito bem as aulas. “No Ensino Médio, especialmente, vimos que eles sentiam falta desse espaço para discutir questões que são típicas da adolescência”. Fernanda considera que, de todas as ferramentas, a do autoconhecimento preenche um espaço muito importante. “Na sociedade do culto da imagem e da exposição excessiva, quando convocamos o jovem a olhar para dentro de si, isso é muito benéfico, pois é essencial para construir relações saudáveis com o mundo, com a sociedade e com os pares”.Um dos pontos fortes do Programa Semente, segundo ela, é a base científica, pois não se trata de dar opinião sobre um determinado tema, mas de apresentar dados e estudos sobre o assunto, mostrando como aquilo foi analisado por especialistas. “Por exemplo, quando eles estudam a energia da emoção, eles entendem como isso afeta o corpo – no caso da raiva, o coração acelera, o rosto fica vermelho, os músculos ficam tensos. A partir dessa teoria vem a aplicação prática, que leva à discussão sobre lidar de forma saudável com isso no dia a dia, uma vez que as emoções são estruturadas por pensamentos”, explica.Se para estudar as emoções é necessário olhar para si mesmo, no caso da empatia, o movimento é mais amplo: passamos a olhar para os outros. Um dos exercícios propostos é pegar textos e artigos de diferentes autores sobre um mesmo assunto para tentar entender as razões e o ponto de vista de cada um, sem julgamentos prévios. “Isso nos leva a olhar as outras pessoas com mais gentileza, com mais respeito”, afirma Fernanda.“A aprendizagem socioemocional é um passo fundamental para formar seres humanos mais conscientes de si e uma sociedade mais empática. O autoconhecimento é essencial para sermos pessoas melhores e atuarmos de uma forma mais efetiva na sociedade”, completa a professora.