Entender as próprias emoções e saber regulá-las nos capacita a lidar melhor com as dificuldades
Controlar impulsos, como a raiva, é um grande desafio. Mas é algo também que pode ser aprendido. “Verificar se uma emoção está adequada ou não à situação que estamos vivendo é uma decorrência do autoconhecimento”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Segundo ele, se uma pessoa não reconhece determinada emoção, ela não sabe se o que está sentido é apropriado para a situação. Isso significa conhecer os sintomas físicos e identificar os gatilhos do que nos provoca medo, raiva ou tristeza, por exemplo. “Toda vez que fazemos isso, estamos dando um passo na direção do autocontrole. O autoconhecimento é um pressuposto da autorregulação emocional”, explica.Outro aspecto importante do autocontrole, de acordo com ele, é avaliar se a emoção que estamos sentindo está nos ajudando ou atrapalhando. O medo, por exemplo, pode até ter um caráter protetor. Ter medo de uma cobra, do ponto de vista evolutivo, ajudou a evitar que fôssemos picados por animais venenosos. Mas, em outros casos, o medo pode ser negativo – como uma criança que não quer dormir no quarto sozinha.O autocontrole a flexibilização cognitivaEntre as estratégias de autocontrole, Calbucci cita a flexibilização cognitiva. “Ela consiste em encontrar outro pensamento para estruturar a emoção que estamos sentindo. É uma maneira de perceber que muito daquilo que sentimos nasce daquilo que pensamos.”Por exemplo, é normal que uma pessoa que perdeu um bicho de estimação fique triste. Mas, se os pensamentos dela forem “nunca mais vou vê-lo”, “não valeu a pena” e “não quero ter outro bichinho”, ela pode amplificar a força da tristeza. Por outro lado, se ela pensar que foi muito feliz durante o tempo que passou com ele e que o bichinho viveu muito bem, isso fará com que lide muito melhor com a situação.A flexibilização cognitiva ensina a encontrar pensamentos que vão fazer com que se torne mais fácil passar por momentos de dificuldade. “É como andar de bicicleta. No começo parece difícil, mas, com o uso frequente, vai se tornado automático, e a pessoa adquire a capacidade de enfrentar melhor as adversidades”, afirma o professor.