A aprendizagem socioemocional ajuda estudantes a se apropriarem efetivamente de domínios que os beneficiarão pela vida toda
Uma situação comum na sala de aula é que o aluno preste atenção na explicação do professor, mas esqueça tudo o que ouviu após alguns minutos. Isso acontece por um fato simples: a informação é diferente do aprendizado. O mesmo pode acontecer quando o estudante começa a ter contato com a alfabetização socioemocional, ou o ensino das emoções.
“O processo de aprendizagem parte de uma construção neural”, explica o psiquiatra, professor e um dos criadores do Programa Semente, Celso Lopes de Souza. “É preciso tempo para estruturar isso. ” Ou seja, a pessoa que conhece um domínio socioemocional não necessariamente sabe aplicá-lo na vida prática.
Assim, não adianta simplesmente despejar um conjunto de regras para o estudante. É preciso preparar um terreno fértil para que os conteúdos sejam apropriados por ele. Para isso, é fundamental o ensino de habilidades socioemocionais através de programas estruturados e baseados em evidências científicas.
O ensino das emoções
“No Programa Semente, por exemplo, partimos com o que há de mais atual na ciência cognitiva: ensinamos os alunos a reformular os pensamentos que estruturam uma emoção”, explica Celso. Criam-se estratégias didáticas para que as crianças ou adolescentes não apenas entendam, como também se apropriem e aprendam a utilizar os domínios socioemocionais por toda a vida.
Como exemplo prático, podemos citar uma prova de matemática na qual o aluno não consiga resolver três questões de cinco propostas. A tendência é que haja uma catastrofização do pensamento: “Não sei nada de matemática”. Isso pode refletir na maneira como ele irá lidar com a disciplina a longo prazo e interferir até em outras áreas da vida: achar-se incapaz por não conseguir finalizar os exercícios pode resultar em sentimentos negativos, como tristeza, pânico e raiva.
Nesse ponto, o programa fornece ferramentas para que esse aluno consiga questionar os pensamentos que estruturam tais emoções, buscando por visões mais realistas. “Ele resolveu duas questões, será mesmo que não sabe nada? É importante que ele reformule o pensamento catastrófico para não entrar em uma espiral negativa que pode ir longe”, diz Celso.