Cada colégio lida de uma maneira com a questão, mas todos devem refletir sobre o tema; aparelho pode se tornar uma ferramenta de aprendizagem
Com o maior acesso das crianças e dos adolescentes aos celulares, o uso dos aparelhos na escola tornou-se uma questão polêmica. Cada colégio acaba adotando uma determinada postura, de acordo com a faixa etária dos alunos e com o projeto pedagógico. Existem os que proíbem o uso, os que permitem apenas no intervalo ou os que liberam para os estudantes mais velhos.“Outras escolas, ainda, estão seguindo por um caminho que merece atenção, que é o de tentar transformar o celular numa ferramenta de aprendizado. Ele pode trazer uma série de informações extremamente úteis para a vida do aluno. A questão é aprender a usar essas ferramentas de maneira positiva”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Segundo Calbucci, a escola tem a possibilidade de incentivar o uso dessa tecnologia para melhorar o aprendizado, ao indicar um canal do YouTube com bons conteúdos, em que o aluno possa, por exemplo, tirar dúvidas de matemática. Até alguns jogos eletrônicos demandam o desenvolvimento de certas habilidades, como foco, persistência e resiliência, que também podem ser usadas de maneira pedagógica.
Uso de celular e fake news
Ele dá um exemplo da importância do bom uso do celular. “Quantas vezes um aluno não toma contato, na rede social ou num grupo de whatsapp, com uma notícia falsa?” Nessas ocasiões, uma rápida pesquisa na internet, com o próprio celular, pode levar o aluno a descobrir se aquela notícia é realmente falsa ou não. “Devemos estimular esse tipo de reflexão e mostrar que a internet é um depósito de informações que podem ser mais ou menos confiáveis. Mas há estratégias para verificar essa confiabilidade. Esse tipo de atividade pode ser feito em sala de aula”, afirma.Para o professor, o celular é uma ferramenta importantíssima dessa geração, e é preciso entender que ele pode ser usado também como meio de aprendizado, e não só de lazer. “É função da escola fazer reflexão. E não há um modelo pronto, pois ele tem que ser construído de acordo com a realidade de cada instituição. O importante é de alguma maneira discutir isso e envolver os alunos nesse debate”, destaca o professor.