Trabalho com autorregulação possibilita melhor controle de impulsos e de ações impensadas que provocam danos físicos ou emocionais aos outros
A sala de aula é um ambiente plural, com pessoas de origens e características diferentes. No entanto, muitos estudantes sofrem bullying por não se encaixarem em determinado padrão. Nesse sentido, a aprendizagem socioemocional pode impactar positivamente - tanto nos praticantes dobullyingquanto nas vítimas.Segundo a diretora-geral do Programa Semente, Tania Fontolan, ao abordar o autoconhecimento em sala de aula, é possível criar uma série de situações em que cada criança ou adolescente possa refletir sobre as emoções, suas características, as sensações boas ou ruins que provocam. “Quando falamos sobre as dores que obullyingprovoca, o praticante é capaz de se colocar mais facilmente no lugar de sua vítima, refletindo sobre como se sentiria se fizessem algo semelhante com ele”, afirma.Segundo a diretora, o trabalho com a autorregulação também possibilita um melhor controle de impulsos e de ações impensadas que provoquem danos físicos ou emocionais aos outros.Por outro lado, quem sofre bullying são ainda mais beneficiados pela aprendizagem socioemocional. Segundo Tania, “as vítimas debullying, quando têm acesso a um trabalho de autoconhecimento e autorregulação, lidam melhor com emoções negativas e, gradativamente, relativizam as características negativas que outros tentam lhes impor”,Conseguir reagir comindiferença, por exemplo, desmonta a intenção de quem provoca. Às vezes, não ter medo de pedir ajuda põe fim a uma sensação de desamparo diante das agressões. Também é possível conseguir dizer para si mesmo que o que os demais apontam como problema não é realmente um problema, mas apenas uma "desculpa" utilizada por quem agride.“Trabalhar competências socioemocionais permite que a ação anti-bullyingnas escolas vá muito além de palestras ou esporádicas, de alcance limitado aos dias posteriores de sua ocorrência”, completa Tania.
Papel do professor
Nem sempre ações debullyingocorrem diante de professores. Por isso, os profissionais precisam estar atentos a sinais indiretos de sua ocorrência. Reações das vítimas - que ficam cada vez menos participativas e assustadas, a "rádio-corredor", através da qual tudo se comenta, e até mesmo as supostas "brincadeiras" durante às aulas, que se dirigem sempre a um mesmo aluno.“É muito importante que os professores não se omitam, atuando quando percebem uma ação inadequada e cuidando para não expor ainda mais a vítima”, indica Tania.Além das ações pontuais, os professores precisam estar engajados em ações de prevenção contínuas, que fazem parte do Projeto Pedagógico da instituição e que atuem na qualidade das relações sociais que se estabelecem na sala de aula e na escola. Neste sentido, cuidar dos aspectos socioemocionais é um item importante nessa equação.