Relatório do Fórum Econômico Mundial mostra que criatividade, resiliência e curiosidade serão diferenciais cada vez mais valorizados
O relatório The Future of Jobs 2025 (O Futuro dos Empregos 2025), do Fórum Econômico Mundial, que traz tendências sobre o mundo do trabalho, apontou que uma combinação de habilidades tecnológicas e humanas será cada vez mais crucial em um mercado de trabalho que está mudando rapidamente.
Ana Carolina D’Agostini, mestre em Psicologia Educacional e gerente de educação da Semente Educação, avalia que a inteligência artificial está avançando velozmente, mas, por mais sofisticada que seja toda essa tecnologia, ela não consegue substituir algumas habilidades que são essencialmente humanas, como o pensamento analítico, a criatividade e a capacidade de resolver problemas complexos.
“Se a gente pensar no mercado de trabalho, enquanto tiver essa demanda por habilidades técnicas também haverá a valorização de profissionais que sabem trabalhar em equipe e que têm habilidades da família do engajamento com os outros e da amabilidade bem desenvolvidas, assim como a modulação emocional. Todas elas permitem a adaptação a mudanças constantes”, afirma.
Segundo ela, a modulação emocional é a principal família de competências socioemocionais que continuará sendo essencial no futuro. “Se o profissional não souber lidar com pressão, frustração e ansiedade, ele pode ter muita dificuldade para trabalhar em equipe ou para tomar uma decisão quando estiver sob estresse”, exemplifica.
O mesmo ocorre com a empatia, que é uma competência socioemocional da família da amabilidade. Ela é essencial para um líder ou gestor, em uma escola ou empresa, criar um ambiente de trabalho mais produtivo, conseguir enxergar as necessidades das outras pessoas e agir com respeito e confiança.
Criatividade, resiliência e curiosidade
Entre as habilidades com maior índice de crescimento até 2030, o relatório cita a criatividade, a resiliência e a curiosidade. “Com as rápidas transformações do mundo e do mercado de trabalho, quem conseguir se adaptar no sentido de encontrar soluções inovadoras e pensar fora da caixa vai ter benefícios e vantagens importantes”, acredita Ana Carolina.
Segundo ela, se pensarmos que a inteligência artificial pode gerar conteúdos prontos ou fazer alguns processos mais burocráticos, o que vai fazer a diferença é esse olhar criativo, a capacidade de trazer o novo, de usar os recursos existentes para inovar.
Além da criatividade, a resiliência, a modulação do medo e a persistência também são importantes para enfrentar crises e grandes mudanças. “Um exemplo foi o que ocorreu na pandemia. Essas habilidades foram fundamentais para que as pessoas pudessem se reinventar e se adaptar e elas vão continuar sendo essenciais”, ressalta.
A gerente também destaca a curiosidade, competência da família abertura ao novo. “Ela caminha junto com a necessidade de aprender continuamente, com a ideia de que a gente nunca está pronto. Então, ela permite acompanhar as tendências de mercado e se adaptar às novas tecnologias, usando também habilidades de autogestão, persistência (para lidar com os desafios) e organização (para colocar isso na rotina).”
Como se preparar para essas mudanças
De acordo com Ana Carolina, o primeiro passo para desenvolver habilidades para se preparar para todas essas transformações é trabalhar o autoconhecimento, ou seja, identificar pontos fortes e os que precisam ser desenvolvidos. E vale lembrar que todas as competências socioemocionais podem ser aprendidas, desenvolvidas e aprimoradas ao longo da vida. “Nós sempre podemos evoluir e aprender e nos organizarmos para isso, desde que tenhamos as ferramentas certas.”
Ela acrescenta que usar o autoconhecimento aliado às competências socioemocionais permite ter pequenas atitudes de grande impacto para a nossa vida. Por exemplo, praticar a organização e a persistência em tarefas diárias ajuda a realizar o que precisa ser feito no trabalho ou em casa, trazer um novo aprendizado ou se adaptar a algo.
Outra forma de se desenvolver para todas essas mudanças é ter curiosidade para aprender sempre. Isso significa buscar cursos e experiências práticas e identificar oportunidades de ouvir e de pensar sobre determinado assunto.
A gerente ainda considera importante usar as competências da família do engajamento com os outros, como a iniciativa social, a assertividade e o entusiasmo. “Envolver-se em grupos de discussão no trabalho, querer assumir novos desafios, falar sobre isso com seu chefe ou com o diretor da escola. Essas são formas de fortalecer essas habilidades”, explica.
Por fim, ela recomenda pensar nas competências da família da abertura ao novo, ou seja, estar aberto a novas experiências e ter a mentalidade de crescimento para poder errar sem medo. “Tudo isso vai ajudar a se adaptar e se destacar nesse cenário do futuro do trabalho”, conclui.