A aprendizagem socioemocional deve ter início na primeira infância, construindo uma base de regulação emocional e resiliência para o estudante.
As competências socioemocionais são fundamentais para os indivíduos lidarem com seus pensamentos, seus sentimentos e suas relações interpessoais, encontrando os melhores caminhos para alcançar objetivos pessoais e profissionais. Por isso, quanto mais cedo os estudantes começam a desenvolver intencionalmente essas habilidades, melhor.
Além disso, saber lidar com frustrações, demonstrar engajamento nas aulas e encarar os estudos de maneira mais positiva – competências que são desenvolvidas quando há um cuidado socioemocional na formação do estudante – diminui as chances de algo que prejudica muitos jovens no Brasil: a evasão escolar.
Como começar a trabalhar as competências socioemocionais nas aulas?
É na primeira infância (até os seis anos de idade) que acontecem as maiores transformações no cérebro humano. Por isso, o ideal é que a aprendizagem socioemocional comece nessa fase e continue durante toda a vida adulta. Para os educadores que orientam esse desenvolvimento, é importante priorizar um trabalho sequenciado, ativo, focado e explícito.
Ana Carolina D’Agostini, gerente de conteúdo da Semente Educação, dá algumas dicas do que os profissionais podem fazer nas aulas:
- Promover um ambiente seguro e acolhedor, em que as crianças se sintam à vontade para aprender, explorar e se expressar.
- Propor atividades que incentivam a cooperação e a resolução de problemas, como jogos com diversos colegas da sala.
- Pensar em novas formas de ler histórias, que ajudem a notar a regulação das emoções e a exercer a empatia, vendo os fatos sob outras perspectivas.
Ela explica que trabalhar a comunicação e a empatia é fundamental na infância, por ser o período em que a criança está ampliando suas habilidades orais e de escrita e, naturalmente, aprendendo a se expressar. A longo prazo, eles irão se tornar adultos com mais facilidade de verbalizar seus sentimentos e compreender os dos outros.
Competências socioemocionais e os impactos na evasão escolar
“Quando existe um programa focado em aprendizagem socioemocional na escola, os alunos se sentem mais engajados e vinculados aos seus objetivos pessoais e acadêmicos. Isso porque, quanto mais os estudantes desenvolvem as habilidades socioemocionais, mais facilmente eles irão lidar com o estresse e com situações desafiadoras, conseguindo regular suas emoções e nomear o que estão sentindo”, diz Ana Carolina.
Tudo isso aumenta o engajamento dos estudantes, que terão relacionamentos mais positivos e mais foco na escola, o que é essencial para aulas, provas, tarefas e trabalhos. Com isso, tornam-se indivíduos mais resilientes, inclusive para continuar estudando matérias que consideram mais difíceis.
Outro destaque do desenvolvimento socioemocional é o autoconhecimento. Com ele, o estudante compreende melhor quem é, o que quer alcançar e como fazer isso, desenvolvendo um projeto de vida coerente desde a sua infância. Em suma, todos esses fatores diminuirão as chances de o aluno abandonar a escola.
Os benefícios de trabalhar as competências socioemocionais na primeira infância
A aprendizagem socioemocional é uma tarefa para a vida toda, que não se encerra na escola. Sobre os benefícios de iniciar o aprendizado ainda na primeira infância, Ana Carolina aponta:
o Desenvolvimento cognitivo facilitado: como a criança sabe regular melhor as próprias emoções, ela tende a ser mais perseverante, desenvolvendo estratégias para impulsionar o desempenho acadêmico.
o Mais determinação: quando a criança aprende a desenvolver as competências socioemocionais, sente-se mais motivada para ir atrás daquilo que faz sentido para ela.
o Mais habilidades sociais: os relacionamentos interpessoais da criança são beneficiados pela empatia e pela regulação das próprias emoções. Será, portanto, mais fácil iniciar amizades, mantê-las, brincar e trabalhar em grupo, além de comunicar-se de maneira efetiva, com respeito e assertividade.
o Mais autocontrole: a criança aprende a lidar com as suas emoções de forma saudável, interagindo bem com os outros.
Todos esses pontos permitem que o indivíduo tenha um desenvolvimento saudável na sua vida pessoal e profissional, encarando desafios (inclusive os acadêmicos) com mais facilidade.