Pesquisa nacional reuniu 9,6 mil estudantes que tiveram aulas de aprendizagem socioemocional no currículo em 2017 e registrou melhora nos níveis de empatia e tomada de decisões responsáveis
O ensino das habilidades socioemocionais pode parecer um campo abstrato para alguns pais, professores e gestores de escolas. A dúvida que surge é a de como medir a eficácia da aprendizagem de competências como empatia, autoconhecimento e autocontrole em crianças e adolescentes.Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), encomendada pelo Programa Semente, revela resultados muito positivos. De acordo com o estudo, alunos do Ensino Fundamental II que foram submetidos aos domínios socioemocionais melhoraram 6,7% o comportamento.A análise de larga escala começou a ser feita no início de 2017 e englobou cerca de 9,6 mil alunos de todo o Brasil. Através de uma plataforma online, eles responderam a um questionário composto por 45 perguntas. No fim do ano, os estudantes voltaram a responder o mesmo conjunto de questões.O questionário pedia que as crianças e adolescentes reagissem a afirmações pertinentes ao momento da vida de cada um deles. Foram apresentadas frases como ‘costumo desistir diante da primeira dificuldade’, ‘fico feliz com a felicidade de outras pessoas’ e ‘consigo controlar meus medos percebendo que posso estar exagerando as consequências de algumas situações’. Os estudantes tinham que avaliar as questões em uma escala que ia de 1 a 4 - de ‘nada parecido comigo’ a ‘totalmente parecido comigo’.A análise de cada item permitiu identificar que o impacto da aprendizagem socioemocional na vida dos estudantes partiu de 2,3% (empatia cognitiva emocional) e chegou a 13,9% (autocontrole). O autoconhecimento (13,5%) e as habilidades sociais (7,2%) também tiveram desempenho expressivo na análise.
Habilidades sociais não são dons
Para Eduardo Calbucci, professor e um dos criadores do Programa Semente, os resultados positivos reafirmam o que pesquisas internacionais já constataram. “Por muito tempo se acreditou que as habilidades socioemocionais fossem inatas ao ser humano. Ou seja, o indivíduo nascia ou não com elas, como uma espécie de dom. O que as pesquisas mostram, no entanto, é que é possível aprender tais domínios como se faz com português ou matemática”, explica.O Programa Semente é estruturado a partir de cinco domínios: empatia, autocontrole, autoconhecimento, decisões responsáveis e habilidades sociais. Juntos, tais pilares compreendem um conjunto de habilidades socioemocionais indispensáveis para a vida em sociedade. Países referências em educação já trabalham com o tema. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular reconhece a importância do ensino socioemocional, que passou a integrar o texto com as diretrizes educacionais para as escolas nacionais.Clique aqui para saber mais sobre o Programa Semente.