A regulação da agressividade e o desenvolvimento de empatia são maneiras de desenvolver a técnica
Conflitos podem ser causados não apenas pela divergência de opiniões, mas também pela forma como os argumentos são colocados dentro do debate. Quando diferentes convicções se chocam, muitas vezes as pessoas não conseguem se posicionar de forma a expor seus argumentos de forma assertiva e empática. Pensando nisso, o psicólogo estadunidense Marshall B. Rosenberg se debruçou sobre essas questões e desenvolveu o conceito de Comunicação Não Violenta (CNV), um método que busca retirar a agressividade das entrelinhas do discurso.A Comunicação Não Violenta é trabalhada pelo Programa Semente dentro de sala de aula. O processo de aprendizado é ancorado no ensino da empatia e da regulação da agressividade. “Muitas vezes, o que ofende não é o que dizemos, mas a maneira como dizemos. A CNV nos ensina a falar as coisas de maneira menos agressiva”, afirma o professor Eduardo Calbucci, um dos criadores do Programa Semente.Segundo o professor, a agressividade está ligada à falta de capacidade de regulação da raiva ou de outras emoções desagradáveis. Saber controlar este sentimento é o primeiro passo para desenvolver uma Comunicação Não Violenta. “Uma explosão de raiva pode causar alívio inicial, mas o grande problema é que, depois dessa explosão, quase sempre vem o arrependimento e a vergonha. O que era alívio vira sentimento de culpa. O ideal é interromper esse processo antes da explosão”, afirma.As técnicas da CNV partem do pressuposto de não adotar nem uma postura passiva, de engolir a raiva e implodir internamente, nem agressiva, de explodir e colocar todas as emoções desagradáveis para fora. É possível manter uma postura assertiva, comunicar a opinião com clareza, precisão e firmeza, mas sem agressividade. Uma postura assertiva desarma o outro, pois mostra a predisposição de que o envolvido quer resolver o conflito de forma serena pacífica. “Comunico minhas necessidades e tento chegar a um acordo”, completa Calbucci.
A Comunicação Não Violenta na prática
O Programa Semente trabalha a Comunicação Não Violenta em duas partes. A primeira é no processo de regulação emocional. São realizados exercícios múltiplos de respiração com os mais novos, e exercícios de flexibilização cognitiva com os adolescentes. Assim, é possível aprender a enxergar a raiva e deixá-la em um determinado estágio em que o aluno tenha controle sobre as atitudes.A segunda é a prática da CNV, que acontece com o desenvolvimento da empatia. “Se estamos dispostos a ouvir o que o outro diz, podemos nos comunicar de forma não agressiva”, conclui Calbucci.