Segundo educador e fundador do Programa Semente, quanto mais conhecimento de mundo adquirimos, mais aprisionados podemos ficar, perdendo o olhar empático
É comum ouvir que as pessoas, quando crescem, tornam-se menos tolerantes ou mais implicantes com os outros. Isso acontece porque, tendo cada vez mais contato com ideias preconcebidas, mais os adultos podem sofrer com a dificuldade de reconhecer a importância da diversidade. Já as crianças são, em tese, mais empáticas porque elas não têm ainda visões de mundo prontas e deixam o coração mais aberto para diversas questões.As crianças estão em processo de descoberta, formando-se como cidadãs e adquirindo responsabilidades, e a família é a primeira instituição social que influencia de forma significativa as visões de mundo que elas vão adquirir. “Os preconceitos são ensinados durante a vida nos processos de socialização”, ressalta o professor e fundador do Programa Semente, Eduardo Calbucci. Por outro lado, quando se é adulto, o processo de desconstrução dos conceitos pré-estabelecidos é mais trabalhoso, mas completamente possível.Um dos caminhos para reverter esse quadro e manter o olhar empático da infância à vida adulta é a aprendizagem socioemocional. Segundo Calbucci, é possível desenvolver as habilidades socioemocionais em qualquer momento da vida, mas, quanto antes for o início, menos doloroso será o processo. “A partir do momento em que vamos adquirindo mais conhecimento de mundo, podemos nos aprisionar, ficando reféns de determinados conceitos”, afirma.PráticaO Programa Semente auxilia crianças e adolescentes a melhorar o nível socioemocional porque trabalha cinco domínios: autoconhecimento, autocontrole, empatia, decisões responsáveis e habilidades sociais. O material ensina a fazer escolhas construtivas, ao mesmo tempo em que estimula a criação de elos entre as pessoas, características essenciais na vida em sociedade.“A grande questão é mostrar os benefícios que as boas atitudes podem proporcionar. Quando trabalhamos os domínios dentro do universo de referência das pessoas, elas percebem que é possível mudar”, conclui Calbucci.