As competências socioemocionais podem prevenir casos de violência psicológica e física
A escola é um espaço de socialização essencial para as crianças e adolescentes, que, nesse cenário, têm a oportunidade de interagir com indivíduos da mesma faixa etária, mas de famílias e contextos diversos. Com a internet e as redes sociais, a comunicação interpessoal passou a acontecer também virtualmente, tornando mais difícil a supervisão por parte dos pais e educadores.
De fato, o meio digital tornou-se uma ferramenta de comunicação indispensável. No entanto, longe do olhar dos responsáveis, alguns estudantes ultrapassam limites com mais facilidade, realizando manifestações violentas e desrespeitosas no campo virtual. Configura-se, então, mais uma preocupação para a educação mundial: o cyberbullying.
O que é o cyberbullying?
“O cyberbullying é definido como prática violenta em ambientes virtuais, realizada intencionalmente”, explica Sandra Dedeschi, autora do Programa Semente e mestre em Psicologia Educacional. Segundo a profissional, é mais fácil identificar o bullying no meio presencial, já que a vítima sofre as agressões (físicas ou psicológicas) repetidamente, enquanto, no meio virtual, um único clique pode gerar danos enormes.
“A principal consequência do cyberbullying é que uma única postagem pode chegar ao conhecimento de muitas pessoas, expondo o alvo na internet, sem que se possa controlar a dimensão que uma informação, uma foto ou um áudio pode alcançar. Assim, uma única agressão fará com que o alvo sinta como se estivesse sendo agredido repetidamente. O indivíduo tem a sua imagem destruída diante de um público muito maior”, completa Sandra.
O uso das redes sociais pelos adolescentes
“O aumento no tempo de exposição aos meios digitais e o isolamento social imposto pela pandemia acentuou problemas que já eram enfrentados, principalmente pelos adolescentes”, explica a educadora. Quando não há acompanhamento ou orientação, o uso desenfreado das redes sociais gera problemas de convivência e de violência entre os adolescentes.
O cyberbullying e a aprendizagem socioemocional
Na prática do bullying ou do cyberbullying, o agressor apresenta um desengajamento moral, como se não houvesse comoção pelo sentimento do outro. Sobre isso, Sandra Dedeschi questiona: “O que falta a essas crianças e adolescentes, para que sejam capazes de antecipar suas ações, de considerar o sofrimento que vão causar em outras pessoas, de reconhecer e lidar com seus problemas e emoções?”
Nesse contexto, as competências socioemocionais também são importantes para as vítimas, pois elas podem diminuir a sensação de culpa e evitar pensamentos destrutivos. Além disso, os espectadores digitais precisam entender que, ao curtir ou compartilhar um conteúdo ofensivo, também fazem parte do processo de agressão virtual.
Em síntese, a aprendizagem socioemocional pode funcionar como um instrumento de prevenção dessas agressões. “É um grande desafio, com certeza. Mas, apesar das dificuldades, precisamos ajudar as crianças e os adolescentes a desenvolver competências socioemocionais que os ajudem a rever suas posturas e fazer novas escolhas”, finaliza a profissional.