Estudam mostram explicações que abrangem questões sociais, emocionais e biológicas
A Organização Mundial da Saúde estima que aproximadamente 5% da população mundial é diagnosticada com depressão. Desse total, a maioria é do sexo feminino. As possíveis explicações para isso são abordadas no artigo “Depressão e gênero: por que as mulheres deprimem mais que os homens? ”. Segundo a autora, Maria das Graças de Oliveira, para tentar responder essa questão é necessário um panorama psicológico, social, biológico e genético das mulheres.A maior prevalência de depressão nas mulheres é considerada um dado comprovado desde o começo dos estudos de gênero, que datam dos anos 1970. Nesse sentido, é necessário apontar hipóteses biológicas, como mudanças hormonais mais intensas, relacionadas ao período menstrual, à gravidez e até à menopausa. Tudo isso faz parte do quebra-cabeça, mas é importante também lançar luz sobre as variáveis psicológicas e socioculturais, ou seja, o efeito da socialização, do baixo status social e das regras diferenciadas impostas para os sexos.O artigo aponta que um dos fatores que favorece a depressão entre as mulheres é a desigualdade social entre os sexos, refletida em salários mais baixos, falta de emprego para as mulheres e pouca atuação política. Além disso, a mulher, na maioria das vezes, tem responsabilidade social maior do que a do homem. Por exemplo, além de participar do sustento da casa, precisa cuidar dos filhos e das tarefas domésticas.Também interfere o fato de a mulher ser mais vitimizada em diversas sociedades no que se refere a roubo, estupro, assédio, incesto, etc. Além disso, existe a questão do corpo perfeito, mais cobrado nas mulheres e pelas mulheres. Todos esses fatores podem potencializar sintomas depressivos.Segundo Maria das Graças de Oliveira, as mulheres que receberam uma educação baseada em regras machistas, ou seja, que o homem é melhor e tem maiores direitos, pode sentir baixos sentimentos de auto eficácia, também associado aos sintomas depressivos.Por conta de todos esses fatores, a prevalência de depressão observada na população tem variado de 5 a 9% para mulheres e 2 a 3% para homens. O risco deste transtorno durante a vida é de 10 a 25% para mulheres e 5 a 12% para os homens, o que coloca as mulheres, a partir da adolescência, com uma prevalência duas vezes maior que os homens.Para as mulheres, compreender resultados dessas pesquisas e considerá-los nas reflexões sobre as próprias emoções é muito importante. No processo de autoconhecimento e autorregulação, considerar todos os fatores que podem influenciar seus comportamentos e percepções aumenta a compreensão sobre si mesma e subsidia a aquisição de estratégias pessoais socioemocionais para lidar com emoções e comportamentos que não lhe são favoráveis.