Estar atento aos alunos possibilita que educadores percebam alterações relevantes de comportamentoNo ambiente escolar, a atuação dos professores envolve, fundamentalmente, aspectos relacionais. Há tempos, as aulas deixaram de ser encaradas apenas como um momento de transmissão de conteúdos, em que os protagonistas eram o professor e a lousa, e o alunos constituíam uma “plateia” que assistia tudo e anotava, fazendo apenas perguntas sobre a “matéria”.“Para desenvolver habilidades que vão além do domínio dos conteúdos conceituais, tais como problematização dos assuntos, trabalho em equipe e capacidade de exposição oral, entre outras tantas, a interação entre professores e alunos precisa ser mais constante e fazer parte da própria relação ensino-aprendizagem”, diz Tania Fontolan, diretora do Programa Semente. “Para que essa interação exista e flua é necessário que os educadores tenham habilidades sociais, em especial a empatia.”Para Tania, estar atento ao outro permite que os educadores percebam em seus alunos mudanças acentuadas de comportamento, como atitudes de apatia e desinteresse permanentes, isolamento e ausência de perspectivas. “Um exemplo: é como se as consequências da falta de envolvimento (notas baixas, reprovação etc) não fizessem a menor diferença para esse estudante”, explica.
Converse!
A diretora ressalta que esses elementos, presentes de forma duradoura, devem acender uma “luz de alerta” para os educadores. “Por vezes, uma conversa desfaz a primeira impressão e revela que o aluno ou aluna está apenas em busca de mais atenção. Mas, às vezes, a apatia e a falta de perspectiva de futuro se confirmam, o que pode levar a casos de depressão e, em situações muito extremas e excepcionais, ao suicídio’’.Assim, é importante que os professores acompanhem mais de perto esse aluno ou aluna e, principalmente, informem outras instâncias da escola para que a família seja chamada e comunicada sobre essas percepções. “Omissão ou indiferença, nesses casos, não é uma opção eticamente aceitável”, afirma Tania Fontolan.