* Por Eduardo Calbucci
Há muitas maneiras de celebrar o dia do professor. Uma das melhores é pensando na importância da nossa profissão para os próximos anos. Até bem pouco tempo, refletir sobre como seria o futuro do trabalho docente poderia gerar respostas rápidas e fáceis.
Mas tudo se tornou imprevisível. Uma pandemia levou todo mundo a se reinventar, de uma maneira ou de outra, em uma velocidade jamais imaginada, a fim de acompanhar um ritmo de transformações sem precedentes.
Reconhecida por suas bases sólidas, seus processos estáveis, suas mudanças bem planejadas, a área de Educação – um ecossistema altamente complexo, que envolve instituições de ensino, professores, alunos e famílias – passou a viver um cenário extremamente desafiador.
A pergunta sobre o amanhã já não cabia mais. Importava o momento presente. O que fazer para manter a relação de ensino e aprendizagem com todas as pessoas dentro de casa?
Cada aula, cada dia, cada semana foi um processo de, corajosamente, acertar, errar, ajustar, testar, adaptar, tudo para seguir com o propósito de proporcionar aprendizado ativo a mais de um bilhão de alunos que ficaram fora das salas de aula, ao redor do globo, em quase um ano e meio de isolamento social.
E agora? O que esperar dos atuais e dos novos professores? As mudanças vieram para ficar? São perguntas difíceis. Talvez o mais importante, num momento como esse, seja desenvolver uma alta capacidade de adaptação à imprevisibilidade.
O mundo pode se tornar irreconhecível outras vezes. Nesta constante necessidade de estarmos constantemente abertos ao novo, será preciso desenvolver a flexibilidade. A rigidez encontrará portas fechadas.
É claro que precisamos de planejamento para o futuro e de soluções de longo prazo, mas como definir com precisão qual será o melhor processo pedagógico ou a ferramenta tecnológica ideal, se estimativas do Banco Mundial apontam que 65% dos estudantes da Educação Básica podem exercer profissões que ainda não existem?
Jovens preparados para ingressar no mercado de trabalho atual podem ser substituídos por máquinas nas próximas décadas? Que novas atividades vão surgir? Ninguém sabe.
Se isso causa temor, receio, preocupação aos alunos, os mesmos sentimentos afetam os professores. Por isso, os colegas de tablado, que tanto foram resilientes durante tantos meses de pandemia, devem ser acolhidos e assistidos por gestores públicos e privados, pois somos fontes confiáveis de aprendizagem ativa e verdadeiros agentes de transformação social. Esta é uma agenda urgente.
Aqui, cabe a analogia com as máscaras de avião. Muitos já ouviram a frase “ Coloque a máscara primeiro em você e depois em quem precisa de ajuda”. Um professor só pode contribuir efetivamente com o aprendizado dos estudantes, se ele está bem emocionalmente.
Por isso, é fundamental investir na formação, na capacitação dos educadores, com o foco no bem-estar dos educadores e no desenvolvimento de suas competências socioemocionais, para que sigam em sua missão de apoiar alunos e suas famílias.
É essencialmente por meio das competências socioemocionais que professores, no presente e no futuro, poderão criar trilhas de aprendizagem com mais criatividade, confiança, flexibilidade, inovação, resiliência, empatia, visão coletiva, para ajudar a formar, acima de tudo, pessoas realizadas e cidadãos com senso crítico para atuar em sociedade.
Professor, o amanhã chegou. E ele depende de nós.
*Eduardo Calbucci é professor e um dos fundadores do Programa Semente