Prestar assistência a outras pessoas eleva o bem-estar e a autoestima de quem fez a boa ação, além de fortalecer a noção de comunidade
O Dia Internacional da Caridade é celebrado anualmente no dia 5 de setembro, com o objetivo de conscientizar a população sobre a prática, a importância e a difusão da solidariedade. Com a data comemorativa, ressalta-se a premissa de que, unidas, as pessoas podem tornar o mundo um lugar melhor.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as sociedades tornam-se mais inclusivas e os efeitos de grandes crises humanitárias, como a pandemia, são minimizados com a prática da caridade. Essas boas ações, pensando unicamente em auxiliar o próximo, reforçam que as pessoas não estão sozinhas, fortalecendo a saúde mental.
Como a caridade pode melhorar o bem-estar e autoestima de quem ajuda?
“É comum pessoas envolvidas em ações comunitárias dizerem que se sentiram mais impactadas positivamente do que imaginam que tenham impactado o outro”, diz Ana Carolina D’Agostini, psicóloga e gerente de conteúdo do Programa Semente. Isso acontece porque a sensação de bem-estar aumenta, assim como a autoestima, quando percebemos que podemos lutar por uma causa ou por alguém.
Além desse resultado, pesquisas indicam que, como consequência da caridade, ocorre uma melhora da saúde física e mental, o que ajuda a prevenir transtornos mentais.
Como uma pessoa pode incluir a caridade na sua vida?
"O principal ponto para começar é encontrar uma causa que faça sentido, manifestando disposição e abertura para poder se envolver. É preciso encontrar algo em que acreditamos e que nos impulsiona a continuar", destaca a profissional. Esse quadro incentiva o engajamento e a frequência da ação escolhida.
Outra estratégia para iniciar esse hábito é identificar ações necessárias em seu entorno, que antes passavam despercebidas, exercitando também a família de competências da abertura ao novo. "É importante dizer que ações para mudar o mundo podem ser feitas todos os dias, em qualquer lugar e em qualquer área de atuação", afirma.
Isso engloba desde a forma como se auxilia um vizinho com problemas do bairro até causas internacionais e organizações planejadas, como asilos, abrigos de animais, orfanatos e ONGs voltadas à alimentação. Logo, para praticar a caridade, uma pessoa não precisa tomar grandes atitudes. O início pode ser pequeno, no cotidiano, fazendo um trabalho voluntário mensalmente.
"Precisamos pensar na caridade como algo que faz parte das nossas escolhas diárias. Isso inclui como nos relacionamos com o outro, quais são os produtos e alimentos que consumimos, como podemos fazer um uso mais consciente de todos os recursos e coisas que temos para compartilhar."
Como a solidariedade pode impactar a saúde mental de quem ajudou e de quem recebeu esse auxílio?
Em relação ao impacto na saúde mental, a psicóloga explica que, ao receber ou praticar atos de solidariedade, o indivíduo aumenta o seu engajamento com os outros (família de competências socioemocionais importante para estabelecer conexões) e a amabilidade, composta por empatia, respeito e confiança. Saber com quem se pode contar e estabelecer ligações configura, justamente, um dos principais fatores protetivos para o bem-estar emocional.
"Reconectar-nos com esse sentimento de comunidade, de cuidado com todas as pessoas, não só com aquelas que são da nossa família ou do nosso círculo de amizades, faz com que nos sintamos mais amparados e menos sós. Além disso, fortalece o senso de que, quando precisarmos de alguma ajuda, nós fazemos parte de um ecossistema em que as pessoas olham e zelam umas pelas outras", explica Ana Carolina. Em suma, a caridade coloca em prática a ideia de que podemos, sim, fazer algo pelo outro e que, quando existe um acontecimento de força maior ou que nos desestabiliza, não o enfrentamos sozinhos. Os efeitos são muito positivos para a saúde mental de quem ajudou e de quem recebeu a assistência.