Se o desenvolvimento de habilidades socioemocionais já era relevante para a vida em sociedade, isso passou à condição prioritária para navegar nas adversas e, muitas vezes, desconhecidas situações que se apresentam na atualidade.
Esse eforço de desenvolvimento, segundo especialistas, não deve estar somente centrado na alfabetização emocional de crianças e adolescentes, mas envolver uma visão 360°, que contempla alunos, educadores e toda comunidade escolar.
Para o doutor em História e diretor do Programa Semente, Felipe Magane, um programa de aprendizagem socioemocional bem estruturado é aquele que efetivamente ajuda a identificar e modular emoções, melhora o convívio e possibilita escolhas construtivas, sendo determinante para a vida do aluno, como também de professores, gestores educacionais e família.
“Quando as habilidades socioemocionais transbordam dentro e fora dos muros da escola, os ganhos são incomensuráveis para todos”, ressalta.
Planejamento escolar com a metodologia SAFE
Professores atentos ao próprio desenvolvimento social e emocional passam a se conhecer melhor, geram maior envolvimento com suas turmas e potencializam as estratégias de aprimoramento socioemocional em toda a trilha de aprendizagem.
Estudos comprovam que promover intencionalmente as habilidades socioemocionais nas escolas traz resultados quando o processo é integrado ao currículo e ocorre de modo sequencial, ativo, focado e explícito, numa metodologia pedagógica conhecida como SAFE.
Sendo assim, todo programa de educação socioemocional deve ser:
- Sequencial: as competências devem ser trabalhadas de forma estruturada, e não em eventos isolados, para garantir a compreensão e o desenvolvimento de cada habilidade;
- Ativo: as atividades propostas jamais podem ficar restritas à teoria. É preciso estimular práticas e vivências para cada competência, sendo o estudante protagonista no processo de autoconhecimento, autorregulação e busca por soluções. Daí a relevância de todos os professores, não apenas o aplicador, conhecer metologias ativas de aprendizagem;
- Focado: é necessário que haja um momento dedicado ao desenvolvimento das competências, para que haja espaço propício à reflexão, vivência, autopercepção e assimilação;
- Explícito: deve ficar claro ao estudante qual ou quais competências socioemocionais estão sendo trabalhadas, assim como objetivos e expectativas, uma vez que todo o percurso de aprendizafen será acompanhado e avaliado.
“Essa lógica é fundamental para um bom planejamento escolar que adentre a sala de aula, tendo em vista que os estudantes mergulharão no reconhecimento e na tomada de consciência das emoções, a partir da escuta ativa, do pensamento crítico, do relacionamento interpessoal, da experimentação e da resolução de conflitos”, pontua Magane.