Elogiar perseverança é muito mais produtivo do que enfatizar o resultado, explica especialistaNa escola ou em qualquer atividade que envolve avaliação de desempenho, é comum que pais e professores, ao fazerem um elogio às crianças ou aos adolescentes, destaquem o resultado obtido. Segundo Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente, o melhor seria valorizar mais o esforço. “O resultado não está sob nosso controle, o esforço está. Então, mudar o foco é importante”.Ele explica que elogiar perseverança, determinação e persistência é muito mais produtivo do que enfatizar o resultado – o que sempre depende apenas do esforço da pessoa. Por exemplo, se um adolescente presta vestibular num determinado ano e não passa, no ano seguinte, ele pode ser esforçar mais, obter uma nota mais alta e, ainda assim, não ser aprovado novamente. “Se ele melhorou o desempenho de um ano para outro, isso, em tese, está dentro do que ele consegue controlar. Mas, se outros tiveram um resultado melhor do que o dele, o que ele pode fazer? Absolutamente nada”, diz.“Quando a gente coloca o foco no percurso e não no resultado, costumamos estimular bons comportamentos. Porque a criança e o adolescente percebem que foram elogiados pelo que fizeram, ou seja, uma coisa que estava sob o seu controle e que podem voltar a fazê-la”, afirma.
Como elogiar uma criança pequena?
Calbucci dá outro exemplo: “se dizemos para criança pequena que ela é bonita, estamos valorizando algo que não se controla. Beleza não nasce de perseverança. Na cabeça dela, ela pode acreditar que, se deixar de ser bonita um dia, não será mais merecedora desse tipo de elogio”. De acordo com ele, se isso for substituído por “nossa, como você conseguiu escolher uma roupa legal hoje”, ela percebe que foi elogiada por algo que fez e que é capaz de continuar fazendo.Ele ressalta, no entanto, que isso não deve ser uma forma de passar a mão na cabeça da pessoa ou de dizer para ela que o resultado nunca vai ser importante na vida. “O resultado nem sempre está sob controle da pessoa, mas, às vezes, está. Por isso, temos que ter muito cuidado”. Calbucci sugere que se questione, por exemplo, se a pessoa fez realmente tudo que era possível e se ela considera que havia mais alguma coisa que poderia ter feito e não fez. “De qualquer forma, quando a gente muda o foco do elogio do resultado para o processo, ele acaba influenciando muito mais positivamente o comportamento das pessoas a longo prazo”, finaliza.