Escola é lugar privilegiado para o desenvolvimento dessa habilidade, que passa por saber ouvir o outro
A empatia pode ser definida como a capacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, procurando pensar, sentir ou agir como ela numa determinada situação. “Páthos, em grego, significa emoção. Então empatia é pegar a emoção do outro e colocar para dentro”, explica Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Segundo ele, a empatia é um dos domínios mais importantes da aprendizagem socioemocional, porque coloca em primeiro plano a relação com o outro. Quando você é empático, você compreende e sente a emoção da outra pessoa, e isso ajuda a estabelecer boas relações e a fortalecer os laços afetivos. “Se o ser humano vive em sociedade, ele precisa ser empático em algum grau”, afirma.Ao contrário do que alguns imaginam, a empatia não é inata, ou seja, ela pode ser desenvolvida ao longo da vida. E o espaço da escola é um local privilegiado para isso, ao ensinar às crianças e aos adolescentes a convivência em sociedade, o que passa pelo reconhecimento das necessidades dos outros.Uma das maneiras mais simples de desenvolver a empatia, de acordo com Calbucci, é por meio da escuta atenta. Apesar de isso ser uma coisa até óbvia, muitas vezes não conseguimos colocá-la em prática. “Quando estamos conversando com alguém, em vez de ouvir atentamente o que o outro tem a dizer, às vezes, ficamos mais preocupado em contar a nossa história ou já imaginando o que vamos responder”, exemplifica. “O primeiro ponto para ser empático é saber ouvir. Só existe diálogo possível se estamos dispostos, efetivamente, a ouvir o outro”.No Programa Semente, uma das atividades usadas para desenvolver a escuta atenta é pedir para as crianças ouvirem uma música, que tenha alguma sutileza, mas só escutando, sem acompanhar a letra, para que tenham 100% de concentração no que estão ouvindo. Posteriormente, o professor discute com os alunos, sem mostrar a letra. “Quando estamos ouvindo e acompanhando a letra da música, é comum prestar mais atenção na leitura. Esse tipo de atividade, muito simples de fazer em sala de aula, tem foco no momento presente e mostra para eles que é preciso ouvir o que as pessoas estão dizendo”, afirma.Calbucci aponta que o princípio da empatia é a ética da reciprocidade: vou fazer aos outros aquilo que eu gostaria de que fizessem comigo. “Todos esses ensinamentos podem ser trabalhados com crianças pequenas, e os resultados são muito bons, pois desenvolvem a capacidade de estabelecer relações melhores”.