É preciso desconstruir visões prontas da realidade, reforçar a empatia e ensinar as crianças a compreender um mundo caracterizado pela diversidade
Se pensarmos na origem e definição da palavra “preconceito”, percebemos que ela é composta de um prefixo (pré-, que traz a ideia de anterioridade) e de um substantivo (conceito). Assim, preconceito é um conceito estabelecido a priori, ou seja, é algo que não nasce da observação da realidade, mas sim de uma ideia pronta. “Temos que duvidar de opiniões pré-concebidas porque elas são parciais e podem estar equivocadas. A realidade precisa ser vista por diversos ângulos”, diz Eduardo Calbucci, professor e autor do Programa Semente. “É a soma das perspectivas que nos dá uma visão melhor do todo”, afirma.Segundo ele, as crianças não nascem preconceituosas, mas adquirem o preconceito nos processos de socialização, reproduzindo o comportamento dos adultos. Aí entra a responsabilidade dos pais e da escola em desconstruir essas visões de mundo prontas. “Uma maneira de fazer isso é estimular a criança a olhar para a diversidade”, sugere.Um exemplo dessa multiplicidade são os novos arranjos familiares. Durante muito tempo, as famílias foram constituídas por pai, mãe e filhos. “Mas, hoje, há crianças criadas por pais ou mães solteiros, avós, tios, casais homossexuais, enfim, a realidade não é única”, afirma o professor.Se, por um lado, as crianças, tendem a ser naturalmente mais empáticas, pois têm mais facilidade para estabelecer relações e aceitar as pessoas, por outro, também têm menos filtros e mais dificuldade para controlar os impulsos. Por isso, de acordo com ele, também cabe à família e à escola darem conta desse equilíbrio, estimulando o que é positivo, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro para estabelecer boas relações, e ajudando a controlar sentimentos que podem atrapalhar a construção de laços afetivos.Calbucci lembra que isso é um processo de aprendizado e que todo mundo pode desenvolver essa capacidade. “A aprendizagem socioemocional nos permite exercitar diversos domínios, e a empatia é um deles. Toda vez que experimentamos um ponto de vista diferente do nosso estamos, de alguma forma, ficando mais livres de preconceitos”, finaliza.