Além das dúvidas serem comuns aos alunos de uma mesma faixa etária, os assuntos são conduzidos por profissionais de acordo com as necessidades dos estudantesConversar com as crianças sobre assuntos considerados tabus, como sexualidade, depressão, suicídio, luto, abuso ou violência, é importante, mas muitos pais têm dúvidas sobre como abordar essas questões e sobre a escola ser o lugar certo para isso. Para Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente, a pior coisa que podemos fazer é nos omitir sobre esses temas. “Se não falamos na escola, que é um ambiente controlado, a criança vai tomar contato com esses temas em outros lugares sobre os quais não temos nenhum domínio, e isso é bastante perigoso.”O professor explica que conversar sobre essas questões no ambiente escolar tem algumas vantagens. Uma delas é que as crianças são agrupadas por faixa etária e, normalmente, a dúvida que elas têm é comum aos demais colegas. Já fora do ambiente escolar, ela pode conviver com crianças de idades diferentes, primos ou irmãos mais velhos, por exemplo, que têm outras experiências de vida e questionamentos.Além disso, na escola, quem introduz esses conhecimentos são pessoas especializadas, como professores, psicólogos, pedagogos, ou seja, educadores acostumados a lidar com aquela faixa etária. “Exatamente por isso, eles sabem dosar a profundidade e a quantidade de informações para atender as necessidades daquelas crianças naquele momento”, afirma o professor.De acordo com ele, tratar de assuntos polêmicos na escola não significa simplesmente bater um papo. “É muito mais do que isso. É uma conversa dirigida, organizada por profissionais que conhecem aquele tema e sabem ajustar o seu discurso para cada uma das fases da vida de uma criança ou de um adolescente”.
Preocupação dos pais
Em casa, muitas vezes, os pais se sentem culpados por não saberem como abordar esses assuntos. Segundo Calbucci, é comum a família ter esse tipo de dúvida e, nessas situações, o mais indicado é procurar um especialista para ajudar, que pode ser o pediatra, um psicólogo, o professor ou o coordenador pedagógico da escola. “É por isso que os pais devem procurar um colégio que tenha valores e princípios parecidos com os seus. Família e escola precisam estar alinhadas”, diz.Buscar profissionais especializados, que lidam com crianças e adolescente e entendem esse universo, é muito importante para ajudar os pais a tomar decisões mais responsáveis. “É claro que vamos cometer erros na criação de nossos filhos, mas, consultando esses especialistas, a gente diminui um pouco essas chances”, finaliza o professor.