Instituições de ensino acrescentam na grade o desenvolvimento das chamadas competências do século XXI. Habilidades fazem parte da Reforma do Ensino Médio, aprovada pelo Senado
O Senado aprovou a Reforma do Ensino Médio, que prevê um conjunto de novas diretrizes para o ensino médio implementadas via Medida Provisória. Uma delas é a forte ênfase que deverá ser dada à formação integral do aluno, considerando no currículo a inclusão das habilidades socioemocionais.
Antecipando-se a essa demanda, algumas escolas já estão tornando o estudo das habilidades como parte do ensino básico. Com o auxílio de materiais didáticos específicos para o tema, não somente os alunos aprendem sobre o assunto: os professores também passam por um período de formação para entender melhor como funciona essa nova didática e de que forma ela deve ser abordada.
Para Silvia Russo, diretora pedagógica do Colégio Assunção, na capital paulista, as habilidades socioemocionais, até então, não recebiam a devida atenção: “A partir de agora, vamos focar em uma parte pouco discutida entre os profissionais do ramo”. Silvia acredita que debater essa temática com os estudantes e os professores propiciará uma maior qualidade de ensino, além de tratar da questão com maior sensibilidade. “Iremos não só melhorar a qualidade do colégio, como também enxergar o aluno com uma visão mais humanizada”, afirma. Para 2017, a escola adotou o Programa Semente, metodologia que aborda a aprendizagem socioemocional através do desenvolvimento de cinco domínios: empatia, autoconhecimento, autocontrole, decisões responsáveis e habilidades sociais.
Para Tania Fontolan, diretora-geral do Programa Semente, as escolas precisam se adaptar a essa demanda e capacitar seus alunos para o futuro que os aguarda, garantindo que adquiram capacidades necessárias para viver, conviver e trabalhar no século 21. “As escolas precisam pensar não apenas em quem está no Ensino Médio, mas especialmente os alunos que agora estão no Ensino Fundamental e serão diretamente afetados pelas mudanças da Reforma nos próximos anos”, diz.
É fundamental que as escolas saibam como transmitir o conteúdo escolar de forma eficiente. Entretanto, é preciso dedicar atenção não só ao intelecto, mas também ao comportamento socioemocional dos estudantes. Para atingir um nível elevado no ramo profissional e pessoal, o aluno precisa tirar boas notas e, além disso, ser autoconfiante e capaz de relacionar-se bem.
Algumas instituições já desenvolviam estudos sobre habilidades e aderir ao material didático foi uma forma de concretizar os planos, como é o caso do Colégio Anglo São José. Oscar Gonçalves Jr., supervisor pedagógico, conta que já estava familiarizado com o assunto: “Trabalhamos com habilidades socioemocionais há mais de um ano, e acredito que a demanda vai nos auxiliar muito”. Mesmo conhecendo o tema, Oscar enfatiza que ele ainda é recente no ramo educacional, e que o colégio não vai parar por aí. “Esse estudo ainda é novidade. Mas vamos além, pois pretendemos estudar também a comunicação pessoal dos alunos, a análise de suas atitudes pessoais”, afirma.
Em uma época em que o aluno é bombardeado por informações instantâneas, mas não sabe como lidar corretamente com suas emoções e de que forma elas influenciam seu futuro, é imprescindível que os colégios tenham foco também nos valores socioemocionais e nas questões interpessoais.
A eficiência dos materiais didáticos, somada à dedicação dos profissionais do ramo, será fundamental para desenvolver não só estudantes com domínio de conteúdo, mas também autoconfiantes e seguros de suas escolhas.