Conceito, que tira o enfoque unicamente dos distúrbios, está sendo abordado em escolas brasileiras pelo Programa Semente
Quando o assunto é Psicologia, logo vêm à cabeça tópicos como depressão e ansiedade. Por causa disso, essa ciência acaba sendo socialmente relacionada a questões negativas da vida das pessoas. Isso ocorre porque os aspectos positivos da Psicologia não costumam ser pautados com a mesma profundidade.
A Psicologia não trata somente de distúrbios, mas também de sensações boas, como felicidade, empatia e respeito. É o que afirma um dos autores do Programa Semente, Helder Kamei. “Precisamos entender que a questão psicológica também deve abranger o bem-estar das pessoas. A felicidade e a autoconfiança, por exemplo, devem ser desenvolvidas juntamente com a prevenção de transtornos psicológicos” – afirma Helder, que também é presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL).
A Psicologia Positiva surgiu justamente para enfatizar mais as fortalezas do que as fraquezas das pessoas, buscando sempre compreender o que torna a vida melhor.
Kamei revela que essa área da Psicologia foi fundamental para desenvolver o conteúdo dos materiais didáticos do Programa Semente, metodologia que está sendo aplicada em escolas brasileiras, ensinando estudantes a lidar melhor com as emoções. “Por meio do programa, preparamos as crianças não somente para evitar que elas desenvolvam distúrbios psicológicos, mas também investimos em aspectos positivos, nos sentimentos bons, como a alegria, gratidão e esperança”, conta.
De acordo com o autor, as escolas não costumam conversar com os alunos sobre como eles estão se sentindo. “A criança precisa sentir-se bem, e os colégios nem sempre oferecem esse espaço como poderiam.”
As habilidades socioemocionais estão totalmente interligadas à Psicologia Positiva, pois um aluno que tem autoconfiança, autoestima e resiliência, por exemplo, vai se sentir melhor e consequentemente obter boas notas. Outras competências, como a empatia, ajudam a estabelecer melhores relacionamentos interpessoais e favorecem comportamentos cooperativos.
A empatia é uma chave importante para compreender e lidar com as pessoas, mas não só isso: é um meio para ser um bom profissional, inclusive um líder. “O bom funcionário consegue conciliar o seu interesse e o interesse dos seus colegas de trabalho, tornando-se uma pessoa justa e altruísta. Isso é uma ótima qualidade”, afirma Helder.
Nas aulas do Programa Semente, o aluno é incentivado a refletir, de maneira estruturada, sobre os cinco domínios da aprendizagem socioemocional: autoconhecimento, autocontrole, empatia, tomada de decisões responsáveis e habilidades sociais.
“Saber reconhecer emoções em si e nos outros, relacionando-as com os pensamentos que as geram e entendendo como tudo isso influencia o comportamento permite que cada um compreenda melhor as próprias limitações e conheça suas fortalezas, o que aumenta a confiança, o otimismo, a autoestima, e promove relacionamentos mais saudáveis”, afirma Helder.
Segundo ele, somando as competências socioemocionais, a Psicologia Positiva e o didatismo dos materiais do Programa Semente, é possível que as crianças e jovens se tornem mais felizes, seguros e inteligentes.