Mesmo nas férias, crianças e adolescentes podem exercitar conhecimentos para ter melhoria no bem-estar físico e emocionalOs benefícios da aprendizagem socioemocional vão muito além da melhora do ambiente escolar. As habilidades adquiridas podem e devem ser aplicadas no dia a dia de crianças e adolescentes e continuar sendo exercitadas normalmente no período de férias. “Nós estimulamos o aluno a praticar em casa o que aprendeu em sala de aula. O aprendizado não cessa, pelo contrário, o estudante só vai adquirir essas competências se conseguir incorporá-las na sua rotina”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Calbucci explica que todas as aulas do Programa Semente têm uma atividade para casa. Mas não se trata de uma lição tradicional, que deve ser “cobrada” pelos professores. Muitas vezes, é um convite para o aluno tentar aplicar o que aprendeu no seu dia a dia.Os estudantes do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio, por exemplo, são estimulados a escrever, em uma das aulas, um “Diário de gratidão”, reconhecendo três coisas importantes que aconteceram no dia e que merecem um agradecimento especial. “Pode ser desde uma grande gentileza recebida até o fato de ter jantado bem. É uma maneira de ensinar a colocar mais atenção nos acontecimentos positivos do dia”, afirma. Segundo o professor, estudos realizados pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, mostram que, se isso for feito, pelo menos, durante três semanas, os benefícios – como a melhora do bem-estar físico e mental – são muito mais duradouros do que se realizado apenas uma ou duas vezes. “O estudo mostrou, ainda, que as pessoas ao redor também percebem esses benefícios. Os familiares percebem que a pessoa está mais feliz”.Calbucci compara esse aprendizado a andar de bicicleta. “No começo, é preciso se concentrar muito para não cair, mas depois aquilo se torna natural. Da mesma forma, quando iniciamos as aulas do Programa Semente, pode parecer que esses ensinamentos são artificiais. É que eles só vão funcionar plenamente quando se tornarem naturais”, diz. “Nas férias, portanto, o aluno tem oportunidade de refletir um pouco sobre se esse comportamento já está se naturalizando”, ressalta.Ele cita como exemplo as estratégias de controle de raiva, como a respiração. “É importante que a pessoa consiga usá-las quando estiver passando por essa emoção. Mas nunca se sabe quando isso vai acontecer. Por isso, a questão da automatização é central. Quanto mais praticar, mais chance terá de, quando viver o momento, ativar esses conhecimentos”, afirma.