Período é bom momento para estreitar os laços familiares, desenvolver a curiosidade, a criatividade e a organização e ainda ressignificar os espaços domésticos
As férias de julho exigem dos pais e responsáveis uma maior atenção com os filhos que não estarão mais ocupados com as atividades escolares nesse período. Nesse contexto, o que as famílias podem propor às crianças para reduzir a exposição às telas, fortalecer os vínculos familiares e, ao mesmo tempo, potencializar competências socioemocionais, como curiosidade e imaginação criativa?
O professor Ronaldo Carrilho, diretor de conteúdo da Semente Educação, diz que há uma série de fatores que acabam influenciando nessa decisão: a condição econômica da família, o local onde mora, se os pais vivem juntos ou separados, quantos filhos têm e a faixa etária deles. “Tudo isso vai promover ações distintas, pois não há uma fórmula que vale para todos. Cada um tem que ver a sua realidade”.
Como pai de duas meninas gêmeas de 8 anos de idade, ele sugere algumas atividades e lembra que, às vezes, as crianças estão de férias, mas os pais não, o que pode dar uma sensação de culpa – o que é muito natural – por não conseguirem se dedicar aos filhos tanto quanto gostariam. “É muito difícil manter a rotina de trabalho com os filhos livres em tempo integral. E não há pai ou mãe que vai ter criatividade suficiente para entreter os filhos e deixá-los longe de TV, computador e celular por 30 dias”, pondera.
Dicas de atividades
Para as crianças que estão em fase de alfabetização, uma atividade interessante é propor a escrita de pequenas histórias, que podem compor um livrinho. “Pais e filhos podem brincar de redator e ilustrador. A criança redige a história, e o pai ou a mãe ilustra, ou o contrário. Isso desperta criatividade no texto e no desenho, e não tem certo e errado. O que importa é deixar a criança usar a imaginação”, destaca Carrilho.
A tradicional contação de história também pode ser uma boa opção, segundo ele. Mas, assim como na brincadeira de redator e ilustrador, é importante haver a troca, uma troca de papeis, em que os pais contam uma história, mas a criança também ocupa essa função. “Contar histórias é uma maneira de organizar as ideias, fazer escolhas de palavras e desenvolver a criatividade”, ressalta.
Na mesma linha, vêm brincadeiras clássicas, como mímica, que pode ser de nomes de objetos, animais, profissões, filmes ou pessoas, e jogos de adivinhações, como “o que é, o que é”, que exigem a elaboração de perguntas para tentar descobrir o que a pessoa está pensando. Já os jogos de tabuleiro, como dama, xadrez e detetive, entre outros, além do aspecto lúdico, permitem desenvolver o raciocínio lógico. “Outra brincadeira que gosto de fazer com as minhas filhas é caça ao tesouro, em que vou dando pistas escritas que elas têm que decifrar”, conta o professor.
Atividades manuais com o uso de tinta, cola, glitter e materiais recicláveis para construir objetos e brinquedos, como robôs e carrinhos, também são indicadas. “Ao longo da brincadeira, podemos aproveitar para conversar sobre o quanto de lixo produzimos e despertar a responsabilidade ambiental”, orienta. Outra ideia é fazer e empinar pipas, aproveitando os bons ventos de julho, atividade que exercita a imaginação e a sensibilidade estética, entre outras habilidades.
Ressignificando os espaços da casa
Carrilho ainda lembra que as férias podem ser uma época propícia para ressignificar os espaços da casa. “A sala pode virar quarto ao se fazer uma noite do pijama. E por que não brincar na cozinha ao preparar um bolo ou um lanche com as crianças?”, sugere. “Se eu vou ter que cozinhar, a ideia é dar sentido para aquela prática e inserir os filhos nessa rotina para que eles possam ajudar enquanto vamos dialogando e desenvolvendo habilidades, como a organização”.
Outro exemplo é a hora da faxina. “Qual criança não gosta de brincar com água? Então, podemos fazer a limpeza juntos e brincar um pouco. Ao lavar o banheiro, podemos jogar água um no outro, cantar e brincar com os baldes, mas também focar na organização e na determinação. Não vamos sair do banheiro antes de terminar a faxina, pois esse é o nosso compromisso e não podemos desistir. E assim vamos ensinando boas práticas”.