Profissionais de educação que têm acesso ao conhecimento socioemocional conseguem melhorar desempenho dos estudantes
Em uma lista de 35 países, o Brasil é a nação que menos valoriza seus professores.Segundo o último ranking, realizado pela Varkey Foundation, entidade especializada em dados educacionais, apenas 9% dos profissionais acreditam que são respeitados dentro de sala e só 20% recomendariam a profissão aos filhos.A valorização do professor é fator decisivo na melhoria da educação, segundo o economista e psicólogo mexicano Alejandro Adler, que já esteve na sede do Programa Semente, em São Paulo. Na sua tese de doutorado, apresentada na Universidade da Pensilvânia, nos EUA, ele propõe um modelo de Educação Positiva, que envolva bem-estar e habilidades socioemocionais não só para os estudantes, como também para os profissionais da educação.O programa, citado em reportagem da Nova Escola recentemente, consiste em um intensivo de dez dias, em que os professores passam por um treinamento que enfatiza a importância das emoções para reforçar o aprendizado. O plano foi aplicado por Adler em escolas públicas da América Latina e Ásia ao longo de três anos e teve tanto êxito que se transformou em políticas públicas em países como Peru, México e Butão.Neste último, o governo passou a exigir o ensino de dez habilidades no projeto acadêmico das escolas públicas, entre elas empatia, autoconhecimento e tomada de decisões. Com o intuito de oferecer esse tipo de formação para docentes – tanto no campo profissional quanto pessoal – o Programa Semente desenvolveu a plataforma Coreskills, que apresenta um curso completo de ensino à distância (EaD) baseado em estudos de algumas das mais prestigiadas universidades do mundo.A formação trabalha os cinco domínios clássicos já propostos no Programa Semente: autoconhecimento, decisões responsáveis, autocontrole, empatia e habilidades sociais.Segundo Eduardo Calbucci, educador e um dos fundadores do Programa Semente, para levar essa formação aos professores, é preciso fazê-los entender a relevância das questões socioemocionais em sua atuação. “Creditar apenas ao conhecimento técnico a chave para uma boa carreira profissional se mostra cada vez mais equivocado. Há muitos profissionais dotados de grande conhecimento específico, mas que não conseguem se firmar em suas áreas porque têm dificuldades em interagir com colegas, alunos e familiares”, afirma.O educador precisa saber lidar com as diversidades do ambiente escolar, fazendo a mediação dos relacionamentos para alcançar as metas de aprendizagem. “Ter na equipe professores que também entendem sua ação de forma global, conjugando o ensino de conceitos ao desenvolvimento de domínios importantes para a aplicação do conhecimento e boa convivência social, colabora para a melhoria da qualidade escolar e para a atualização do profissional no mercado de trabalho”, ressalta Calbucci.
Na prática
Os cursos da plataforma Coreskills são divididos em módulos, com duração média de 50 (cinquenta) minutos por aula, com um total de até seis aulas por curso. Pode haver ainda uma formação presencial, além de material impresso, contendo os princípios das habilidades socioemocionais e exercícios adicionais à plataforma. Ao final do programa, o professor recebe certificado de conclusão.