Um mundo em rápida transformação pede habilidades como abertura para o novo e flexibilidade
O sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) propôs o conceito de modernidade líquida, em que as instituições, as ideias e as relações entre as pessoas se transformam de maneira muito rápida e imprevisível. Filosoficamente, a modernidade é um rompimento com o passado e com as tradições. Momentos de ruptura sempre ocorreram na história da humanidade. Mas, nas últimas décadas, as mudanças têm alcançado uma velocidade cada vez maior. Num mundo em constante transformação, como preparar os jovens para enfrentar os desafios do século XXI?“Quando ajudamos as crianças e os adolescentes a desenvolver resiliência, flexibilidade, capacidade de abertura para o novo e disposição para constantes aprendizados, estamos dando ferramentas para lidar com esse cenário de incerteza. Não sabemos como vai ser o mundo em 2030 ou 2040, mas podemos garantir que eles precisarão dessas habilidades”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Segundo o professor, hoje essas características talvez sejam mais necessárias para enfrentar os desafios do “mundo líquido” do que eram anos ou décadas atrás. “Toda essa evolução tecnológica nos obriga a pensar no mundo de forma diferente”, afirma.Calbucci cita dados do Banco Mundial que estimam que dois terços das crianças e adolescentes que hoje estão na Educação Básica vão trabalhar, em algum momento de suas vidas, em uma profissão que ainda não existe. “Estamos vivendo num mundo muito diferente de 50, 60, 70 anos atrás, quando as pessoas escolhiam uma profissão, trabalhavam a vida inteira nela e se aposentavam. Hoje, muitas vezes, as pessoas precisam se reinventar aos 30, 40, 50 anos”, declara.“Às vezes, temos a tentação de ter saudade do passado. Mas o mundo está mudando e o melhor que podemos fazer é ajudar as crianças e os adolescentes a se preparar para essas transformações”, finaliza.