Escolas devem desenvolver habilidades sociais como empatia, respeito e iniciativa social abrindo espaços de diálogo para os alunos expressarem suas emoções, sempre mediando essa dinâmica
Durante a pandemia e o período de isolamento social, houve um grande esforço por parte das escolas, dos professores, dos alunos e das famílias para dar continuidade ao processo educativo por meio do ensino remoto.
No entanto, apesar desse empenho, ficaram lacunas na aprendizagem e não foi possível substituir o papel que a socialização e as interações entre pares, que ocorrem sobretudo no ambiente escolar, têm no desenvolvimento das crianças e dos adolescentes.
“Não podemos perder de vista que, infelizmente, no Brasil, as realidades são muito desiguais. Há estudantes que perderam o contato com a escola e que deixaram de viver experiências importantes. Quando as instituições abrirem totalmente para a comunidade, além de focar na recuperação de conteúdos, teremos que olhar com atenção para as habilidades sociais”, afirma Sandra Dedeschi, pedagoga e uma das autoras do Programa Semente.
Habilidades sociais na retomada da aula presencial
Ela acrescenta que as escolas estão voltando em um formato diferente, que ainda priva os alunos de parte das interações. “Teremos o desafio de mesclar turmas presenciais e remotas e depois, quando for possível, ter uma convivência mais próxima do que estávamos acostumados antes”, completa.
Segundo ela, o investimento no desenvolvimento das habilidades socioemocionais será essencial, e as escolas precisarão considerar o tempo e as estratégias para isso no seu planejamento.
“Devemos ter nas escolas espaços de diálogo, escuta e discussão, além de validar as emoções dos alunos que ficaram tanto tempo distantes do ambiente escolar, enfrentando realidades, algumas mais positivas e outras mais negativas, mas que muitas vezes desconhecemos. Vamos deixá-los falar das emoções que viveram nesse período e dos sentimentos de estar de volta à escola. Também serão cruciais intervenções e mediações que ajudem a promover a reflexão e o papel ativo dos estudantes.”
Sandra aponta que trabalhar as habilidades socioemocionais, além de contribuir para relacionamentos e interações mais saudáveis, favorece o aproveitamento escolar. “Há estudos que mostram que quem desenvolve competências socioemocionais também apresenta melhores resultados acadêmicos. Se o aluno consegue ter foco, responsabilidade, organização, imaginação criativa e curiosidade, poderá ter melhor desempenho acadêmico”, diz.
Ela ainda explica que programas estruturados de aprendizagem socioemocional, como é o caso do Programa Semente, ajudam na recuperação e no avanço do que foi perdido tanto no contexto cognitivo, como no social.
“Investir em um trabalho planejado, sistemático e contínuo de desenvolvimento dessas competências poderá contribuir para que as crianças e os adolescentes compensem as inevitáveis perdas da pandemia.”
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