Psicóloga, estudiosa da aprendizagem socioemocional e professora aplicadora do Programa Semente no Colégio Anglo, em Ilha Solteira (SP), Simone Martos dedica-se, há quatro anos, a desenvolver habilidades socioemocionais na escola com estudantes do Ensino Médio, como competências associadas à autogestão, à modulação das emoções e ao reconhecimento das próprias potencialidades.
Para a especialista, abordar habilidades socioemocionais na escola trouxe ganhos significativos ao processo de aprendizagem, à saúde mental e à consciência de si e do outro.
“Este período na vida dos jovens é de preparação para uma nova etapa, que inclui muitas escolhas e definições de futuro. Isso, na maioria das vezes, gera ansiedade, dúvidas, medos e uma forte pressão interna, na tentativa de corresponder às expectativas da família e da sociedade.”
A possibilidade de ajudar a organizar o pensamento, trabalhar a autoimagem e a autoconfiança, compreendendo os sentimentos e sabendo como gerenciá-los, não só tem repercutido positivamente na trilha de aprendizagem, nas avaliações e no comportamento em sala de aula, como vem reduzindo vivências negativas e até traumáticas, sobretudo com a proximidade dos grandes exames, como Enem e vestibulares.
“Vários alunos passavam mal às vésperas ou durante os processos seletivos por não saberem administrar suas emoções, mesmo estando preparados para o desafio, do ponto de vista de conhecimento”, salienta Martos.
Na escola, ela estimula a reflexão, a troca de experiências e a ampliação de perspectiva, por meio de estudos de caso, escuta ativa e muito diálogo, o que, em sua opinião, deve ser praticado também em casa.
“Seja um simples fato cotidiano, uma abordagem mais complexa extraída de um vídeo sobre autopercepção, um debate em torno de uma polêmica nas redes sociais, uma fake news, tudo é gatilho para pensar, sentir e ressignificar”, reforça.
O que mudou com o Programa Semente
“Desde que foi implementado na escola, o programa favoreceu o amadurecimento dos alunos e das alunas do Ensino Médio. O que é perceptível, especialmente quando falamos sobre foco, persistência, responsabilidade e organização. Contudo este é um trabalho contínuo e que precisa ser aprimorado, por cada um, ao longo da vida.
Não basta desenvolver competências, é necessário cultivá-las, com atenção, cuidado, respeito e perseverança. Sempre há algo a melhorar dentro da gente, a isso chamamos evolução”, conclui.
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