A animação Divertida Mente levanta uma importante discussão em tempos de busca incessante pela felicidade utópica
O filme Divertida Mente, vencedor do Oscar de melhor animação em 2016, trouxe uma discussão essencial para os nossos tempos: a importância da tristeza. No longa, as emoções de uma garota de 11 anos ficam confusas quando ela se muda para uma nova cidade. Raiva, Nojinho, Alegria, Medo e Tristeza são os personagens que vivem dentro da mente da menina, conduzindo seus sentimentos. A última terá papel fundamental no desfecho da história.É aí que está o segredo de sucesso do filme. Falar sobre emoções consideradas negativas é um tabu em nossa sociedade. Desde muito cedo somos ensinados a buscar a felicidade de forma incessante. Evita-se a todo custo a tristeza, como se a emoção fosse um monstro à espreita e estivesse dissociada da vida humana.É claro que todos queremos viver uma vida feliz, mas a perseguição a um ideal utópico de felicidade produz ansiedade, medo e frustração. É assustador como a pressão social está afetando as pessoas cada vez mais cedo: os índices de depressão em crianças e adolescentes tem crescido de forma exponencial nos últimos anos.
Entendendo as emoções com as habilidades socioemocionais
Aprender a lidar com as emoções, sejam elas positivas ou negativas, é fundamental para o desenvolvimento de adultos psiquicamente saudáveis. O sofrimento é condição indissociável do ser humano e ajuda no desenvolvimento de habilidades como resiliência e autocontrole. É preciso manter luto pela morte de um amigo querido ou chatear-se por causa de uma demissão. Apesar de tristes, essas situações nos ajudam a pensar nas relações humanas e a ir em busca de mudanças, por exemplo.O mais importante é compreender os sentimentos. Quando não racionalizamos a tristeza ou outras emoções negativas elas podem se transformar no que a psicologia chama de “sombras”, que refletem nas relações humanas e desencadeiam até sintomas físicos. Falar sobre a tristeza e elaborá-la internamente é importante para detectar doenças sérias, como a depressão.A aprendizagem socioemocional é um instrumento poderoso nessa jornada de autoconhecimento. Junto com os pais e a escola, programas como o Semente ensinam crianças e adolescentes a escutar suas emoções e a lidar com elas. Precisamos entender que, assim como a tristeza, a felicidade não é um sentimento perene. Sentir emoções, sejam positivas ou negativas, é o que nos torna, essencialmente, humanos.Para saber mais sobre o Programa Semente, clique aqui.