É importante que as pessoas entendam que esse sentimento é natural; reconhecer e aceitar as próprias fraquezas faz parte do processo de amadurecimentoQuando falamos em insegurança, devemos pensar em algumas emoções que se misturam. Uma das principais é o medo. “Uma pessoa insegura, em geral, é uma pessoa que tem medo”, afirma Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente. “E, para enfrentar o medo, é preciso coragem, esse é o antídoto.”Ele ressalta que isso não significa que uma pessoa corajosa não tenha medo. “Ela não age sem medo; ela age apesar do medo”, diz. Ele aponta que o excesso de coragem e de segurança pode ser negativo, pois pode levar a atitudes impensadas e inconsequentes. Do mesmo modo, o medo excessivo também pode ser perigoso. É o que acontece quando uma pessoa se retrai completamente diante de uma situação nova e da percepção de risco.Calbucci explica: “Quando Aristóteles dizia ‘no meio termo, é que está a virtude’, o filósofo estava valorizando a prudência, o equilíbrio, a temperança. Significa equilibrar o medo protetor e a abertura ao novo”. De acordo com ele, é preciso entender que, diante de uma situação desconhecida, é comum que sentir receio, mas teremos que enfrentar isso ao longo da vida.“Em algum momento, a criança ou adolescente muda de escola, termina o Ensino Médio e começa a faculdade, inicia um novo curso de inglês, tem que fazer amigos novos no clube ou vai à uma festa onde não conhece ninguém”, exemplifica. “É comum nessas situações a gente ter momentos de insegurança, sobretudo na adolescência. Um pouco de insegurança pode ser positivo ao nos deixar mais prudentes para tomar decisões. O que não pode acontecer é a insegurança ser completamente paralisante”.
Insegurança e autoestima
Outro aspecto negativo da insegurança, segundo Calbucci, é que ela pode afetar outras esferas da vida, como a relação com o próprio corpo. A pessoa pode não se achar bonita ou inteligente o suficiente, por exemplo, e isso levar à retração. “Daí vem a importância da autoestima, que permite avaliar as próprias características e entender que todos temos fraquezas e fortalezas. Ninguém é super-herói e tem apenas características positivas. Portanto, não existe alguém que seja completamente satisfeito e seguro de si”, afirma o professor.“Às vezes, as pessoas acham que alguém que é mais bonito, dentro de um certo padrão de beleza, é necessariamente mais feliz. Mas essa pessoa pode ter outros tipos de insegurança. Aceitar-se é uma forma de autoconhecimento. E quando você se aceita, você diminui as chances de ter comportamentos de insegurança”, completa Calbucci.