Para evitar discriminação, a sociedade precisa incentivar a empatia e o respeito nas interações cotidianas
Ao longo da vida, as pessoas podem desenvolver, tanto em contextos formais quanto informais, as competências socioemocionais. Conforme compreendem essa possibilidade e atuam diariamente nesse processo, os indivíduos tornam-se, por exemplo, mais empáticos, respeitosos, assertivos, focados ou organizados.
Esse processo de aprendizagem socioemocional traz diversos benefícios para a vida do indivíduo, o qual, além de ter mais domínio sobre as próprias emoções, passar a interagir melhor com as outras pessoas.
A importância da empatia
“Empatia é uma palavra que tem até uma origem interessante. Páthos em grego pode significar paixão, sentimento. E em- seria o movimento de jogar para dentro. Então, ser empático significa jogar para dentro a emoção de outra pessoa, sentir como o outro sente e pensar como o outro pensa”, explica o professor Eduardo Calbucci, um dos criadores do Programa Semente.
Essa ação é importante porque fortalece os laços sociais, indispensáveis para os seres humanos, que, por natureza, vivem em coletividade. A empatia, portanto, cria um ambiente em que há uma chance muito maior de harmonia, sobretudo se combinada com as outras competências socioemocionais da família da amabilidade: o respeito e a confiança.
A convivência com pessoas diferentes
Para desenvolver empatia, é fundamental o convívio com pessoas diferentes. Isso porque é muito mais fácil demonstrar esse sentimento diante de pessoas que pensam e agem de maneira parecida.
“O desafio é, justamente, ser empático e respeitoso com um diferente, compreendendo o direito que as pessoas têm de serem assim. E essa diversidade é muito importante para garantir a pluralidade da espécie humana”, afirma Calbucci.
Os efeitos de agir de forma empática
Quando uma pessoa se coloca de forma empática diante dos outros, isto é, entendendo os sentimentos alheios, ela incentiva que aquele indivíduo faça o mesmo, estimulando o respeito. Logo, relações mais recíprocas e respeitosas são construídas: cada um trata o seu entorno da mesma maneira que espera ser tratado.
A empatia, o respeito a e as redes sociais
Além de promover relações mais saudáveis, a empatia e o respeito permitem que as pessoas ampliem suas visões de mundo, saindo da própria “bolha”. No contexto das redes sociais, os indivíduos tendem a se aproximar, justamente, por suas semelhanças de pensamento. Dessa forma, as interações online acabam sendo mais previsíveis, inclusive limitando as trocas entre os usuários e a mudança do pensamento de cada um.
O preconceito
“Ser preconceituoso é ter uma ideia prévia das outras pessoas e fazer julgamentos sem conhecer. Isso empobrece demais a nossa capacidade de estabelecer boas relações”, explica o professor. “Muitas vezes, o preconceito nasce, sim, por falta de empatia, de respeito e também por não conhecer a realidade do outro”, completa.
Ao praticar a aprendizagem socioemocional, a sociedade estaria, no geral, mais disposta a realmente entender o ponto de vista do outro. Com isso, as chances de cada pessoa estabelecer visões mais amplas e menos preconceituosas são muito maiores.
Como desenvolver a inteligência emocional dentro da escola?
Dentro da escola, é possível estimular a aprendizagem socioemocional por meio de projetos estruturados, como o Programa Semente. Depois de um tempo, essa atuação torna-se praticamente natural, com a prática diária de lutar contra preconceitos e questionar as próprias atitudes. “Será que não estou agindo de maneira preconceituosa? Será que estou disposto a conhecer tudo aquilo que é diferente? Cada vez que faço uma dessas perguntas, eu me abro para a possibilidade de ter relações mais harmônicas, fortes e duradouras”, finaliza o professor.