Esconder ou disfarçar não deve ser o caminho; viver a perda faz parte do processo de amadurecimento
O luto está ligado a uma das emoções básicas que temos, a tristeza, sentimento que nasce justamente da percepção de uma perda. Quando ficamos tristes, em geral, ou tentamos substituir o objeto que perdemos ou tentamos resgatá-lo. Mas, no caso da perda de uma pessoa, o resgate é impossível. Então, o que fazer quando se está vivendo o luto?“Na verdade, não resta outra coisa que não seja aceitá-lo”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente. Ele ressalta, no entanto, que cada vez que perdemos uma pessoa importante na nossa vida, nós reforçamos os laços com aqueles que nos cercam. “Se existe algum aprendizado nessa perda, o aprendizado é esse. Devemos aproveitar os bons momentos enquanto eles podem ser vividos. Esse é um ensinamento muito importante.”Calbucci aponta que, muitas vezes, temos a tendência de querer proteger as crianças e os adolescentes das notícias negativas e do sofrimento. “Mas, infelizmente, eles vão precisar lidar com isso em algum momento da vida. Faz parte do processo de amadurecimento entender que a vida é finita e que esse é o ciclo natural das coisas”, afirma.As crianças pequenas e o lutoNo caso das crianças pequenas, não há problema em usar eufemismos para lidar com essas perdas. A propensão que as crianças têm para a imaginação e a fantasia pode ser usada até de maneira positiva. “Dizer que a pessoa descansou, foi para o céu ou ‘virou estrela’ depende também da questão religiosa da família. Mas tem que ficar claro que ela não vai mais voltar”, explica o professor.Aos pais, cabe saber a melhor maneira de comunicar isso aos filhos, levando em conta também a faixa etária. “De alguma forma, todos precisam aprender a viver esse luto. Esconder ou disfarçar não é o melhor caminho”, completa Calbucci. “O luto existe e precisa ser vivido e respeitado. Nós, seres humanos, fomos projetados, de alguma forma, para lidar com isso.”