Responsáveis devem estimular a criança ou o adolescente a desenvolver o sentimento de que novas possibilidades podem ser construídas
Qualquer mudança pode provocar insegurança e ansiedade, e com a troca de escola não é diferente. Novos ambientes, colegas e professores, em um primeiro momento, podem causar certo estranhamento. Soma-se a estes sentimentos a saudade dos velhos amigos e professores. Tudo isso pode provocar comparações apressadas e, por vezes, certa resistência diante do novo. Por isso, não é incomum que crianças e adolescentes queiram desistir de um novo colégio logo nos primeiros dias de aula.Por outro lado, a mudança também pode trazer um sentimento de desafio e de novas possibilidades a serem construídas. Esse lado é o que deve ser estimulado pelos pais, sem que deixem, no entanto, de ouvir e acolher as inseguranças dos filhos.Segundo Tania Fontolan, diretora do Programa Semente, um caminho para ajudar a criança ou o adolescente nesse processo é recuperar em sua memória experiências anteriores de mudanças positivas já vivenciadas por ele.“Os relembrem que em um primeiro momento eles estranharam, mas logo fizeram novas amizades, construíram novos hábitos e o que era estranho tornou-se familiar e acolhedor. Caso nunca tenham vivido experiências de mudança, os pais podem compartilhar suas próprias experiências”, afirma Tania.Dependendo da faixa etária da criança, a diretora aconselha que os pais acompanhem mais de perto nos primeiros dias, sempre com o cuidado para não atrasar caso os busquem na escola. Dar oportunidade para que os filhos falem sobre as novas experiências também costuma ser tranquilizador.“É importante lembrar que os filhos precisam ser encorajados e que os pais não devem se impressionar com as dificuldades iniciais. Dar espaço e tempo para que as crianças teçam novas relações e ressignifiquem novos espaços é parte do processo de socialização. Em outras palavras, apoiar os filhos não significa tentar poupá-los de desafios e de todas as dificuldades”, completa a diretora.Apoio socioemocionalAs habilidades socioemocionais estimulam o autoconhecimento e o autocontrole, auxiliando crianças e jovens a lidarem com suas emoções e com seus comportamentos, relativizando dificuldades vistas em um primeiro momento como intransponíveis.Para Tania, crianças que possuem os domínios socioemocionais desenvolvidos são mais perseverantes, equilibradas e constroem relações sociais e conexões humanas com maior facilidade. “Em ambientes em que esses domínios são trabalhados, as crianças e adolescentes recebem novos colegas de forma mais acolhedora e empática”, completa.