Transformações que ocorrem no mundo hoje intensificam a sensação de insegurança e a ansiedade em relação ao futuro
As mudanças de geração – entendida como o conjunto das pessoas que nasceram numa mesma época e são, portanto, contemporâneas – têm acontecido, cada vez mais, em intervalos menores. “No passado, quando falávamos em gerações, nós nos referíamos a pessoas que tinham uma diferença de idade de 20, 25, às vezes, até 30 anos. Hoje em dia, percebemos essas mudanças em espaços de tempo mais curtos. Às vezes, em um intervalo de dez anos, a gente já trabalha com o conceito de gerações diferentes”, diz Eduardo Calbucci, professor e um dos fundadores do Programa Semente.Para ele, uma das causas desse fenômeno está associada ao aumento da velocidade na circulação das informações, o que leva o mundo a passar por mudanças de forma muito mais rápida. “Essas transformações que acontecem muito velozmente acabam fazendo com que essa mudança de padrão de comportamento das gerações seja ainda mais intensa do que já era”, afirma.“Se a gente pensar nas pessoas que trabalham hoje com aplicativos de mobilidade urbana, por exemplo, essa é uma profissão que simplesmente não existia há cinco ou seis anos. Hoje já uma realidade das grandes cidades”, exemplifica.
Transformação das emoções
De acordo com Calbucci, essas transformações têm impacto na maneira de ver o mundo e de lidar com as emoções das diferentes gerações. Ele explica que alguém que está na faixa dos 40 ou 50 anos de idade foi educado para valorizar a estabilidade. As pessoas, em geral, procuravam um emprego e achavam que iam trabalhar naquilo durante 30 ou 40 anos, até se aposentar. “Isso poderia ser considerado uma vida plena e de sucesso. Mas é muito provável que as novas gerações não tenham esse luxo, ou seja, os adolescentes que hoje estão em sala de aula vão precisar se reinventar com 20, 30 e 40 anos”.Para ele, preparar um jovem para o futuro, hoje, inclui perceber essa nova dinâmica. “Aquela busca pela estabilidade e pelo emprego que seria o mesmo ao longo da vida não existe mais. A insegurança, a ansiedade e a preocupação em relação ao futuro têm tudo para serem intensificadas com todas essas transformações”, diz. “O lado bom é que, sabendo disso de antemão, a gente consegue desenvolver essas competências, para que os jovens possam enfrentar esses desafios”, completa o professor.