Pais e professores devem ajudar as crianças a desenvolverem independência para fazerem escolhas com responsabilidade e lidarem com os desafios do futuro
A autonomia é um fator essencial para o desenvolvimento das crianças. Oferecer a elas a liberdade de explorar e fazer escolhas é um dos principais caminhos para fomentar a independência.
Cláudio Buarque, assessor pedagógico da Semente Educação, acredita que promover a autonomia em crianças significa fazer com que elas saibam que possuem controle sobre si mesmas e sobre as escolhas que podem fazer. “Esse processo é essencial para que possam se tornar adultos independentes, corajosos e responsáveis pelas suas próprias decisões.”
Como os pais podem incentivar a autonomia infantil?
Os pais e responsáveis exercem um papel fundamental no estímulo à autonomia das crianças, de acordo com Cláudio, a partir da observação cotidiana de como elas brincam, se relacionam e interagem com outras pessoas. Ele cita algumas dicas simples de como criar um ambiente em que o desenvolvimento da autonomia seja prioridade:
- Respeitar opiniões individuais das crianças: apesar de ainda terem maturidade emocional em desenvolvimento, ouvir atentamente as ideias e opiniões das crianças favorece um ambiente de respeito. Isso gera uma sensação positiva de que elas são seres humanos únicos e que importam para o mundo. Esse é o primeiro grande passo para criarem uma rede de apoio saudável para cada ação futura que será tomada.
- Deixá-las escolher: o entendimento do exercício de fazer escolhas é essencial para o desenvolvimento da autonomia plena. Isso envolve, por exemplo, permitir que escolham, eventualmente, como querem se vestir e de qual atividade querem participar. Além de estimular a criatividade, essa prática cria a noção de que serão responsáveis pelas escolhas futuras e suas consequências.
- Promover responsabilidades: arrumar a cama, organizar o material escolar ou cuidar de um animal de estimação são exemplos de atividades que podem ser atribuídas às crianças e que geram a sensação de “dever a cumprir”, dependendo única e exclusivamente delas. Esse exercício proporciona um ambiente que também estimula a determinação e persistência em iniciar e finalizar tarefas da melhor maneira que conseguem fazer.
Desenvolvimento da autonomia na escola
Além da família, a escola também é responsável por promover ambientes em que o aluno possa desenvolver a autonomia, de forma adequada à sua faixa etária e momento de vida.
Cláudio também oferece exemplos do que a escola pode fazer para auxiliar no desenvolvimento da autonomia:
- Organizar um ambiente adequado, com estímulos múltiplos: proporcionar um ambiente escolar que incentiva a curiosidade permite que os alunos explorem seus interesses de forma independente.
- Criar uma rotina de atividades constantes: tarefas regulares ajudam a criar previsibilidade, o que permite que os alunos compreendam suas responsabilidades diárias e, gradualmente, adquiram independência na execução de tarefas sem a necessidade constante de intervenção dos adultos.
- Proporcionar liberdade combinada com orientação familiar: em parceria com a família, a escola pode oferecer espaço para as crianças explorarem seus interesses com o devido apoio e supervisão.
“Nesse processo, o professor torna-se uma figura central, por naturalmente ser um exemplo de adulto a ser seguido”, afirma o assessor. “As crianças observam como [os adultos] se portam, se comunicam e, principalmente, o que ponderam na hora de tomada de decisões mais autônomas”, destaca o assessor.
Por que estimular a autonomia é importante para o futuro das crianças?
O desenvolvimento da autonomia das crianças é fundamental para o seu crescimento e formação escolar. “Quando os alunos se tornam mais autônomos, o leque de ensinamentos que eles levarão para o resto da vida naturalmente aumenta”, diz Cláudio. “Faz parte da autonomia transformar todas as informações recebidas, ensinadas e vistas ao longo do tempo em conhecimento prático no cotidiano.”
Além disso, a autonomia dos estudantes permite uma trajetória escolar e pessoal que vai além dos conhecimentos técnicos e proporciona o desenvolvimento de habilidades socioemocionais importantes para o mundo digital e globalizado do século XXI. “Juntas, essas competências fazem toda a diferença na formação de cidadãos críticos, criativos e com senso de responsabilidade.”
O assessor pedagógico reforça, ainda, que apesar de fazer parte da essência humana, ninguém nasce sabendo como viver de maneira mais autônoma. “Trata-se de algo que precisa ser treinado e trabalhado diariamente para que, com a chegada da vida adulta, o indivíduo seja capaz de ser independente.”