Veja quando esses estudos foram iniciados, e o que esperar de avanços nas próximas décadas
Existem padrões no nosso modo de pensar, agir e sentir que causam um grande impacto na nossa forma de viver. Esses padrões são chamados de competências socioemocionais, e podem ser desenvolvidos de modo a melhorar relações interpessoais, autogestão e capacidade de regular sentimentos, por exemplo. Os estudos sobre as competências socioemocionais tiveram início na década de 1990, quando se procurava formas de entender o que esse campo significava para o comportamento das pessoas.
O termo se originou no ano de 1994, nos Estados Unidos, com a criação da Colaboração para Aprendizagem Acadêmica, Social e Emocional (CASEL), segundo o qual o “aprendizado socioemocional” seria uma parte integral da educação e do desenvolvimento humano. Um ano depois, o chamado “pai da inteligência emocional”, Daniel Goleman, escreveu um livro no qual analisa o que realmente é considerado inteligência. Ele conclui que o Quociente Intelectual, o famoso QI, engloba apenas 20% das aptidões necessárias para se tornar uma pessoa bem-sucedida no mundo moderno. O restante é formado por fatores da Inteligência Emocional, definida pelo QE, Quociente Emocional.
Já em 1996, o assunto já era pauta na Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), no Relatório Delors, elaborado pelo filósofo francês Jacques Delors. Este relatório teve como foco os desafios para a educação no século 21, e seus pilares eram: aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser.
Segundo Celso Lopes, médico psiquiatra e fundador do Semente Educação, o consenso entre diversos acadêmicos é que estes padrões são transculturais, sendo observados em várias línguas e culturas. “Isso possui uma grande importância, porque as pesquisas podem ser intercambiáveis. Estamos falando de uma mesma linguagem e, apesar de parecer que é um campo muito diferente, porque possui vários nomes, o modelo que estudamos, dos Cinco Fatores, é extremamente abrangente e consegue abarcar praticamente tudo aquilo que podemos chamar de educação socioemocional.
O modelo dos Cinco Fatores
Estudos feitos por universidades e instituições supranacionais, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), responsável pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), levam ao modelo dos Cinco Fatores, que enumera 17 competências, agrupadas em cinco grandes famílias.
Este fator, ou "família" de competências socioemocionais, trabalha a solução de problemas, e é necessário para alcançar aquilo que foi planejado. É composto por:
- Foco
- Organização
- Determinação
- Persistência
- Responsabilidade
Antes de existir, tudo precisa ser imaginado. É na abertura ao novo que reside a capacidade de se produzir coisas novas. Fazem parte dessa "família" as seguintes competências:
- Curiosidade
- Imaginação criativa
- Sensibilidade estética
Esta família expressa a capacidade de lidar com sentimentos considerados negativos, como o medo, a raiva e a tristeza. Tal "família" é composta por:
- Modulação do medo
- Modulação da raiva
- Modulação da tristeza
- Engajamento com os outros
As competências incluídas neste fator são necessárias para aproximação social, pois não fazemos nada sozinhos.
- Iniciativa social
- Assertividade
- Entusiasmo
Esta família torna possível a máxima cooperação das pessoas em grupos quando as competências são bem resolvidas. As seguintes competências são parte dessa "família":
- Empatia
- Respeito
- Confiança
O que esperar no futuro
“O que esperamos é a educação socioemocional nas escolas sendo adotada em cada vez mais instituições de ensino. As escolas já fazem um trabalho com elas, mas é preciso que a gente dê a intencionalidade pedagógica a esse trabalho. Para isso, é preciso medir as competências e seu grau de desenvolvimento, para saber exatamente o que estamos ensinando”, explica Celso.
Este é o desafio que o Semente Educação assumiu: de conseguir dar intencionalidade pedagógica ao ensino de competências socioemocionais. Segundo Celso, esta é a tendência para a educação do futuro, pois é essencial que as escolas estimulem o pensamento crítico e a criatividade de crianças e adolescentes, para que eles possam se tornar adultos emocionalmente saudáveis e, enfim, profissionais mais capacitados e cidadãos mais conscientes.