Desenvolver a persistência requer tempo, empenho e capacidade de lidar com frustrações, mas é uma das habilidades socioemocionais mais solicitadas para quem deseja inovar e progredir.
O filósofo, sociólogo e teórico da ´modernidade líquida´, Zygmunt Bauman, costumava dizer que a sociedade atual demonstra cada vez menos paciência, muito por causa da quantidade de informação que recebe ao mesmo tempo, o que tem levado à falta de persistência, de foco, de dedicação para conquistar um objetivo.
Douglas Rushkoff, professor da New School University de Manhattan, também analisa a era do imediatismo em sua obra Choque do presente: quando tudo acontece agora e lança um alerta
para o comportamento progressivamente ansioso e desconectado das pessoas, que faz com que descartem rapidamente um ideal.
Contraditório ou não, a persistência é uma das habilidades socioemocionais mais requeridas neste século, que exige flexibilidade e determinação para enfrentar frustrações, vencer obstáculos e atingir objetivos.
“Esta é uma competência que deve ser desenvolvida, desde cedo, pois terá impactos ao longo da vida. Os projetos em sala de aula são excelentes oportunidades de exercitá-la, ao solicitarem um olhar mais para os processos do que para os resultados, gerando uma retroalimentação positiva, que estimula a tenacidade, a força de vontade e a autoconfiança dos alunos”, afirma o professor e autor do Programa Semente, Ronaldo Carrilho.
Carrilho ressalta ainda a importância dos educadores desenvolverem a habilidade. “Daqui em diante, será preciso persistência para se adaptar a novos cenários no ensino. Os estudantes são outros, a família é outra, as ferramentas não são as mesmas, os comportamentos mudaram, e esse processo tende a ser contínuo e acelerado.”
Resiliente ou teimoso? Entenda a sutil diferença
Embora ambos não desistam, o teimoso tenta obter sua meta sempre da mesma forma e acredita que vai conseguir um resultado diferente, enquanto o resiliente avalia a metodologia, altera o que for necessário, até chegar no alvo esperado.
Ambos são persistentes, mas o resiliente combina a persistência com a imaginação criativa na busca de soluções. “Na prática, é como um aluno que não passou no vestibular e, no próximo ano, ao invés de refletir sobre pontos fracos e fortes para uma nova preparação, acaba fazendo tudo do mesmo jeito", sinaliza.
"Teimosia gasta energia, sem trazer benefício algum. Resiliência é ter consciência do objetivo, dos desafios e das dificuldades do percurso, bem como trabalhar para corrigir a rota, em tempo, até o propósito final”, sinaliza o educador.