Os professores devem estar preparados para abordar a interdisciplinaridade da aprendizagem socioemocional em sala de aula
Ao elaborar o planejamento escolar do ano letivo, as escolas que adotam programas estruturados de aprendizagem socioemocional devem ter algumas prioridades em mente. O professor Eduardo Calbucci, um dos fundadores da Semente Educação, explica alguns pontos essenciais nesse processo:
Acolhimento na volta às aulas
No período de volta às aulas, as escolas devem valorizar o diálogo, permitindo que os estudantes expressem seus pensamentos, suas emoções, suas dúvidas.
O professor Bucci destaca que essa não é uma ação pontual, mas, sim, uma iniciativa que deve estar presente no ambiente escolar durante o ano inteiro. “O acolhimento é um exercício de escuta, e é importante que a escola pense em algo que seja feito de forma duradoura”, afirma.
Planejamento escolar e Projeto de Vida
“Existe uma complementação muito grande entre o que consideramos aprendizagem socioemocional e o que é o Projeto de Vida, porque ‘projetar’, na verdade, é ‘planejar’ – e fazemos isso o tempo inteiro. Os nossos projetos vão ser mais ousados quanto mais tivermos domínios sobre as competências da família da abertura ao novo. Isso significa ter curiosidade, imaginação criativa e sensibilidade estética”, diz o especialista.
Logo, as competências socioemocionais são o alicerce do Projeto de Vida. Para que os sonhos se tornem realidade, é importante que o colégio contribua para o desenvolvimento das competências da família da autogestão (foco, responsabilidade, organização, persistência e determinação). Além disso, a modulação emocional (de sentimentos como medo, raiva e tristeza) será essencial, já que todos enfrentarão obstáculos.
Na Semente Educação, esse planejamento é facilitado pela Plataforma S, que mensura o grau de desenvolvimento das competências socioemocionais de estudantes com mais de 10 anos de idade. Com isso, os professores sabem os conteúdos específicos que precisam de um reforço em determinada turma.
Sociabilidade na escola
“Muitos dos problemas que temos vivido como sociedade nascem, exatamente, de um baixo grau de desenvolvimento das competências da família da amabilidade e do engajamento com os outros. Então, quando desenvolvemos isso, o ambiente escolar fica mais harmônico e, naturalmente, vai se tornar um espaço mais acolhedor”, diz Calbucci.
Como escolher o material didático para a aprendizagem socioemocional?
Na hora de selecionar os materiais didáticos para a aprendizagem socioemocional, alguns aspectos em consideração devem ser levados em consideração.
- Quem elaborou esse material? São pessoas que conhecem a realidade escolar brasileira?
- Esse produto socioemocional está alinhado ao projeto pedagógico da escola?
- Esse material está atualizado em relação à BNCC?
- O material tem conteúdos atuais e oferece ferramentas digitais?
“A área de aprendizagem socioemocional é, por definição, interdisciplinar, misturando elementos da psicologia, psiquiatria, pedagogia, linguística, semiótica, neurociência, arte, filosofia. Então, é muito importante que os profissionais que conceberam o material sejam qualificados”, destaca Calbucci.
Além de escolher com cautela o material didático, as escolas devem saber da importância de investir em uma formação continuada para os professores, por meio de palestras presenciais e on-line, cursos, workshops, para que estejam aptos a trabalhar com as competências socioemocionais exigidas para o século XXI.