Qual o papel das emoções no aprendizado dos estudantes? E nas relações familiares e profissionais ao longo do tempo? A forma como lidamos com nossos sentimentos tem impacto direto na nossa qualidade de vida? Seria possível entender e medir isso tudo? Nós, do Programa Semente, dizemos que sim e apresentamos uma ferramenta capaz de mensurar e avaliar as habilidades socioemocionais: a Plataforma S.
O que é a Plataforma S?
A plataforma S é uma ferramenta 100% digital que mapeia, mensura e avalia as competências socioemocionais. Ela é composta por 8 módulos, por meio dos quais os estudantes percorrem as famílias de competências socioemocionais do consolidado “modelo dos cinco fatores” – o mesmo usado pelo PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), por exemplo.
Os alunos são convidados a refletir sobre o modo como eles se comportam em diversas situações apresentadas na plataforma, estimulando a autopercepção. “Diversos estudos internacionais consolidados apontam que o autorrelato representa uma das metodologias científicas mais confiáveis para descrever características de uma personalidade.
A partir disso, construímos uma solução capaz de estruturar os aspectos socioemocionais de cada pessoa para que ela possa, assim, desenvolver suas aptidões da melhor maneira possível”, afirma o médico psiquiatra Celso Lopes de Souza, um dos criadores da Plataforma S.
Entendendo a metodologia
O professor Bruno Damásio, que foi chefe do Departamento de Psicometria da UFRJ e trabalhou ao lado da equipe da Semente Educação no desenvolvimento da ferramenta digital, explica que o processo de construção do modelo de mensuração socioemocional durou quase um ano, entre testes e validações, e contou com a participação de mais de mil pessoas entrevistadas. Tudo isso para que os conteúdos pudessem ser entendidos de maneira simples e didática.
O “modelo dos cinco fatores”, com suas 17 competências socioemocionais, agrupadas em cinco famílias, foi didatizado à semelhança da tabela periódica dos elementos químicos, tudo adaptado à realidade educacional brasileira. A figura a seguir mostra essa tabela:
No percurso da plataforma, a partir de situações concretas e objetivas, o aluno vai respondendo a itens que medem sua proficiência em cada habilidade socioemocional. A ferramenta recorre à metodologia da Teoria de Resposta ao Item (TRI), a mesma utilizada na prova do ENEM, para eliminar eventuais “vícios” nos resultados.
“Com a TRI, é possível retirar quaisquer traços de vieses, como gênero ou idade, que poderiam existir para diferentes grupos sociais que fossem utilizar a ferramenta. Dessa forma, conseguimos uniformizar os critérios de avaliação para não haver discrepância ou inconsistência nos resultados”, complementa Bruno.
Como funciona a Plataforma S no dia a dia
Cada módulo do ciclo formativo da plataforma tem duração de 20 minutos cada e define, por meio de breves vídeos, as 17 competências socioemocionais, bem como oferece orientações de como desenvolver todas elas.
Cada módulo conta um questionário psicométrico com o objetivo de identificar o comportamento habitua da pessoa diante de certas situações. Não existem respostas certas ou erradas. Ao final de cada módulo, é possível compreender como estão o níveis de desenvolvimento em relação a cada habilidade, em comparação com os outros usuários da plataforma.
“A partir dessa conscientização, que seria um primeiro passo, ele será capaz de iniciar um processo de autoconhecimento, entendendo suas fortalezas e fraquezas”, explica Celso. A inteligência artificial é usada para interpretar os dados, relacionando os “campos macros” – as famílias da tabela periódica – junto aos “campos micros” – os elementos de cada família.
A competência foco pode ser avaliada isoladamente, pois tem seu próprio questionário e critério de avaliação, aliás, como todas outras. Só que, com os cruzamentos dos dados feitos pela inteligência artificial, é possível entender como ela influencia a autogestão como um todo e competências dessa e de outras famílias.
Essa possibilidade de relacionar competências e famílias pode servir para entender até mesmo certos problemas de saúde mental, como é o caso da depressão.
“Uma pessoa que tem diagnosticado um quadro depressivo provavelmente possui graus de desenvolvimento baixos para competências como modulação da tristeza e confiança. Com a ferramenta, é possível apontar por quais caminhos essa pessoa pode seguir para, primeiro, entender sua situação e, depois, evoluir”, completa Celso.