Educadores precisam buscar atualização tecnológicas e didático-pedagógica; habilidades socioemocionais ajudam a lidar com as mudançasSão muitos os desafios dos educadores do século XXI. Entender e acompanhar a revolução tecnológica, renovar a prática didático-pedagógica, desenvolver competências socioemocionais, incorporar as inovações, tudo isso tem feito parte do cotidiano dos professores e provocado impacto no dia a dia escolar. Frente a essa situação, os docentes devem buscar meios de se capacitar para poder lidar melhor com essas questões.“Os professores precisam dialogar com seu tempo. Isso implica em ler o contexto e buscar continuamente a preparação e a atualização necessárias para seu ofício, tanto no plano conceitual, quanto no tecnológico e, mais importante, no didático-pedagógico”, diz Tania Fontolan, professora e diretora-geral do Programa Semente.Como exemplo das dificuldades, ela cita a forte e constante mudança geracional e as transformações aceleradas, que se refletem na sociabilidade e no interesse dos alunos pela escola. “Como eles são superestimulados e têm ao alcance da mão mil formas de aprender e tomar contato com o mundo, o momento de aprendizagem no ambiente escolar é apenas mais um e nem sempre colorido e divertido como os games, os blogs e as redes sociais”, afirma a diretora. Segundo ela, o professor acaba se sentindo como alguém que não desperta tanto interesse, o que pode ser desmotivador.
Aceleração tecnológica
Outro aspecto que ela destaca é a aceleração tecnológica e a constante atualização nas informações. Os equipamentos, softwares e recursos didático pedagógicos se transformam o tempo todo. E os próprios conceitos a serem trabalhados com os alunos vão se renovando constantemente, gerando insegurança em relação ao que se sabe sobre o tema que será trabalhado.“Mal você domina os recursos de um software ou de uma lousa eletrônica, e novas atualizações requerem novos aprendizados. Os professores têm a sensação de que estão sempre correndo atrás da atualização possível”, conta Tania. “Como muitos dizem, são analógicos em uma era digital. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), as escolas, as famílias e os alunos cobram essa renovação constante e acelerada.”A BNCC, obrigatória nas escolas a partir de 2020, aprofundou o trabalho de competências e habilidades, que requerem novas estratégias de aulas, propôs o trabalho com conteúdos digitais e a formação socioemocional das crianças e adolescentes. Segundo Tania, essas orientações da BNCC demandam um novo ciclo de atualizações.
Valorização dos professores
Outros desafios que os professores enfrentam dizem respeito à dificuldade de conciliar o tempo presente na sala de aula e as demandas e tarefas extraclasse e o descompasso entre o discurso de valorização do professor e a experiência real.Para a diretora, teoricamente, há um consenso sobre a importância dos professores para o futuro das crianças, dos jovens e do próprio país. Mas, na prática, professores nem sempre recebem remuneração condizente com sua importância e precisam trabalhar em várias escolas ou aceitar cargas horárias muito extensas para sobreviver. E, em sala de aula, muitas vezes, lidam com alunos desrespeitosos e conflitos de sociabilidade para os quais nem sempre contam com o apoio dos gestores e famílias.De acordo com Tania Fontolan, relativizar os obstáculos, desenvolver uma mentalidade de abertura às mudanças, interagir de forma mais leve com outras pessoas, evitar a catastrofização e tomar decisões sem o efeito da raiva são algumas medidas que podem auxiliar os professores a suportarem as pressões, a alcançarem mais equilíbrio pessoal e a reencontrarem a motivação na sua vida profissional.Tania ainda ressalta a importância da aquisição de ferramentas pessoais de caráter socioemocional. “Aprender formas de lidar com as emoções, desenvolver elementos de autocontrole e de regulação de ansiedade e estresse e ser resiliente diante de mudanças aceleradas podem ajudar muito os professores a conviverem com o atual contexto, desmontando armadilhas que levam à ansiedade, ao esgotamento e ao estresse”, finaliza.