A partir de 2022, a grade curricular do novo Ensino Médio deverá contemplar o Projeto de Vida, de acordo com a Lei nº 13.415/2017. A proposta é incentivar o estudante a delinear o seu futuro, por meio de reflexões como: ‘quem sou’, ‘aonde quero chegar’, ´de que forma me preparar e me reinventar, se necessário’, ‘quais são as minhas aspirações pessoais, profissionais e sociais’, ‘o que preciso fazer para atingi-las’. Essas questões estão associadas ao desenvolvimento das competências socioemocionais.
Para Eduardo Calbucci, um dos fundadores do Programa Semente, este é um processo que já ocorria no ambiente escolar, mas agora foi normatizado pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
“As instituições que atuam de maneira estruturada com aprendizagem socioemocional, desde cedo, auxiliam o aluno a projetar sua trajetória de vida, com consciência de si mesmo e do mundo. Desta forma, não é criar uma nova disciplina que vai fazer com que o estudante garanta sua realização pessoal e profissional ou construa uma sociedade melhor”, pontua.
“É fundamental que haja um bom planejamento dessas aulas, além de instrumentos adequados para implementação do processo pedagógico de aprendizagem das competências socioemocionais, a fim de alcançar os objetivos esperados e apoiar efetivamente o aluno a se desenvolver nas mais diversas esferas”, esclarece.
Competências Socioemocionais X Projeto de Vida: qual a diferença?
As competências socioemocionais são pré-requisitos para o Projeto de Vida no Ensino Médio. A estreita relação entre os dois, muitas vezes pode confundir os educadores. “Um projeto de vida só existe se a pessoa tiver a capacidade de sonhar. E aí devem ser estimuladas as competências da ligadas à ‘abertura ao novo’, como curiosidade, imaginação criativa e sensibilidade estética”, explica Calbucci.
Se tudo começa com o sonho, como concretizá-lo? “Compreendidas as expectativas, é importante que se desenvolvam as habilidades ligadas à 'autogestão', o que passa por foco, organização, determinação, persistência e responsabilidade”, enfatiza.
E, se surgirem adversidades no caminho, que possam atrapalhar o projeto de vida? “Mesmo com um plano estratégico ao perseguir um sonho, imprevistos ocorrem e será preciso saber lidar com perdas, injustiças, frustrações. Neste ponto, há as competências ligadas à 'modulação emocional’, para regular o medo, a raiva e a tristeza”.
‘Nenhum homem é uma ilha’: habilidades sociais para a vida
A citação do poeta inglês John Donne ajuda a lembrar que também é preciso aprender a se relacionar, com iniciativa social, agindo de maneira assertiva e entusiasmada, para gerar ambientes harmônicos, baseados em empatia, respeito e confiança.
O Programa Semente é um Projeto de Vida no Ensino Médio, pois, ao oferecer ferramentas para trabalhar as competências socioemocionais, propicia as condições necessárias à formação integral, abrindo trilhas de autoconhecimento, ampliando canais de expressão e criando bases sólidas para que o jovem avance em suas metas, para que ele vença desafios e obtenha a realização pessoal, profissional e social almejada.
“O que se determina como Projeto de Vida no Ensino Médio é uma parte do trabalho com as habilidades socioemocionais, e não o contrário”, enfatiza.