A combinação das competências socioemocionais, sobretudo das famílias da abertura ao novo e da autogestão, é o primeiro passo para garantir planejamentos de sucesso aos estudantes
Com o Novo Ensino Médio, que entrou em vigor em 2022, e com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um conceito foi colocado em destaque para a educação: o Projeto de Vida. A expressão aparece algumas vezes na BNCC e nos documentos referentes aos itinerários formativos, que estão ligados às etapas finais da Educação Básica.
O que é Projeto de Vida?
“Quando pensamos em ‘Projeto de Vida’, temos que analisar, em primeiro lugar, o significado da palavra ‘projeto’. Projetar significa planejar, desejar, querer, olhando para o futuro”, explica o professor Eduardo Calbucci, um dos criadores do Programa Semente.
Refletindo sobre o significado de “projetar”, os estudantes vão traçando objetivos para o próprio futuro, tanto no campo profissional quanto no pessoal. Para diminuir a pressão nessa fase, os jovens devem lembrar que o Projeto de Vida vai sendo traçado aos poucos, durante toda a vida escolar.
O Projeto de Vida deve ser feito uma única vez?
“Eu não gosto muito de usar esse termo, ‘Projeto de Vida’, no singular, como se fosse possível fazer um único projeto com 15 anos de idade e cumpri-lo à risca até o final da vida. É claro que as coisas não são assim”, explica Calbucci. A pandemia de covid-19 é um exemplo nítido de como os planos nem sempre saem como o previsto.
Nesse contexto, existe uma necessidade de replanejar e, ainda, de adaptar as próprias expectativas. O mesmo é válido para as ambições dos estudantes. “Por isso, eu acho que devemos trabalhar na escola com a noção de ‘projetos de vida’, que variam ao longo da vida”, completa o professor.
Como garantir sucesso ao Projeto de Vida?
Além de traçar o que desejam para os seus Projetos de Vida, os estudantes precisam saber como torná-los realidade. Para isso, é preciso entender que o domínio das competências socioemocionais garantirá que o indivíduo elabore um bom plano e, o mais importante, que ele consiga tirá-lo do papel.
"A aprendizagem socioemocional é um pré-requisito do Projeto de Vida. Então, se o estudante não tem as competências da abertura ao novo bem desenvolvidas, como a curiosidade, a imaginação criativa e a sensibilidade estética, ele não deseja, ele não sonha. E é assim que se começa um projeto”, ressalta Bucci.
Na etapa seguinte, para tirar o projeto do grau abstrato, é essencial trabalhar as competências de autogestão: foco, responsabilidade, determinação, persistência e organização.
O Projeto de Vida no campo pessoal
Ao contrário do que muitos podem pensar, os projetos de vida também se aplicam à esfera pessoal. Para esse âmbito, é crucial que o indivíduo desenvolva as competências do grupo da amabilidade (empatia, respeito e confiança) e do engajamento com os outros (entusiasmo, iniciativa social e assertividade).
Além da interação com outras pessoas, a aprendizagem socioemocional irá beneficiar a modulação de sentimentos como raiva, medo e tristeza. No geral, todo esse conjunto de habilidades diminui as chances de o indivíduo desistir dos seus sonhos e, claro, do seu Projeto de Vida.
Quando tem início o Projeto de Vida?
Em sala de aula, o Projeto de Vida não deve ser apresentado de forma pontual, já que faz parte de um processo contínuo. “A aprendizagem socioemocional é um pré-requisito do Projeto de Vida. Nesse sentido, ele não é algo exclusivo do Ensino Médio. Na verdade, o Projeto de Vida começa quando a criança tem contato com essas competências socioemocionais pela primeira vez, lá na Educação Infantil”, afirma Eduardo Calbucci.
No entanto, é no final do Ensino Fundamental II e no início do Ensino Médio que o indivíduo tem maturidade para relacionar melhor as competências socioemocionais, o que proporciona a ele mais autonomia e protagonismo. Nessa fase, com um bom desenvolvimento dessas habilidades, ele adquire a capacidade de escolher os próprios caminhos e tomar decisões de maneira autônoma.
O papel do Programa Semente
“Na BNCC, não existe uma grande definição do que é Projeto de Vida. Então, é função do educador ajudar as escolas a compreender esse conceito melhor e como se pode trabalhá-lo. O Programa Semente é um grande Projeto de Vida, apresentando aulas que dão para as escolas ferramentas para que os alunos possam construir e realizar os seus projetos”, finaliza.