Para evitar que essas sensações andem juntas, a pessoa deve ser capaz de modular a raiva, além de traçar objetivos coerentes com a sua realidade
Uma ação natural dos seres humanos é traçar expectativas. No caso dos estudantes, elas podem estar associadas ao desempenho em uma matéria, a uma prova específica, à aprovação no vestibular dos sonhos. Quando um resultado não é atingido, por culpa própria ou por causas externas, a frustração acontece, e o indivíduo sentirá raiva nesse processo.
Quando falamos sobre a raiva, estamos falando de uma emoção de alta energia, que pode ser dividida em estados com diferentes intensidades: aborrecimento, frustração, irritação, indignação e fúria.
Quanto mais a intensidade da raiva avança, maior é a chance de a pessoa ser acometida a um comportamento impulsivo, que pode causar uma sensação de vergonha ou arrependimento.
Como a modulação da raiva pode ajudar quando um objetivo não é alcançado e a frustração aparece?
Diante de uma expectativa não atingida, um passo essencial é reavaliar os objetivos definidos. A frustração pode, inclusive, ser um auxílio nessa tarefa, impulsionando a pessoa a rever o próprio caminho e adquirir autoconhecimento.
"O controle da raiva ajuda, a partir do momento que você olha para uma situação, quando se sente frustrado, aborrecido, irritado, e você faz uma reflexão para buscar as causas que estão acionando esse estado emocional", explica Ronaldo Carrilho, professor e um dos autores dos materiais do Programa Semente.
Para percorrer esse processo completo, é crucial que a pessoa se permita passar pela emoção e não a ignore. O importante é não explodir. "O ideal é você não chegar até o estado de fúria, afinal a raiva tem os seus estágios. Você deve fazer desafiar seus pensamentos, enquanto você está com domínio sobre suas reações", complementa o professor.
Como evitar o comportamento de inércia quando acontecer a frustração?
Uma reação comum entre os estudantes frustrados é a inércia, uma espécie de apatia, que nasce da sensação de que não há nada a ser feito. Isso é mais comum quando as expectativas não condizem com a realidade, e o resultado apresenta um contraste grande com aquilo que era sonhado.
Nesses casos, a pessoa se se sente vencida pela raiva e não usa as situações como uma forma de melhorar. Combater a inércia é indispensável, pois a a modulação da emoção pode funcionar como guia para marcar um novo plano.
Como traçar objetivos que não sejam impossíveis?
Sobre definir metas, o professor Carrilho aponta: "é uma questão de autoconhecimento, de respeitar os próprios limites e os limites do outro". Com isso em mente, um educador que determina objetivos para uma sala de alunos, por exemplo, precisa ser realista, conhecendo o perfil do grupo.
Depois que as limitações são compreendidas, é importante dividir os objetivos em etapas menores e mais coerentes para o momento atual. Desse modo, é traçado um caminho, repleto de tarefas, para que seja possível chegar ao destino final.
Sonhar alto ou sonhar baixo – o que é melhor?
Para essa questão, não existe resposta única. Quando se é jovem, com certeza é importante sonhar alto e imaginar o futuro distante. É a partir disso que se formulam os desejos. Mas, o sonhar baixo deve sempre aparecer como ação complementar, evitando a frustração de uma expectativa exagerada.
"O problema não é sonhar alto, é imaginar que você vai dar um salto do seu estágio para aquele objetivo de uma vez só, e isso normalmente não ocorre", finaliza Carrilho.