Autoconhecimento, autocontrole e empatia são habilidades necessárias para as crianças e jovens enfrentarem os desafios do século XXIO mundo mudou, e educar as crianças e os jovens como antigamente não é mais possível nem desejável. Para enfrentar os desafios do século XXI, marcado pela revolução tecnológica, a educação deve considerar novos aspectos.“Os campos sempre associados ao universo escolar, como a transmissão de conteúdos, têm passado por uma reformulação. Muito do que antes se aprendia apenas no colégio está disponível hoje em qualquer smartphone que acesse um site de busca”, diz Tania Fontolan, professora e diretora-geral do Programa Semente.Isso abre espaço para que os educadores se dediquem a conteúdos mais relevantes e estruturais e à função social da escola, que é preparar os estudantes para conviverem com regras e com outras pessoas, diferentes deles e de suas famílias. “Para que essa aprendizagem seja equilibrada e tenha repercussões positivas no futuro, aprender habilidades ligadas à relação eu-outro, no espaço de sociabilidade que a escola proporciona, é cada vez mais necessário”, afirma a diretora.
As habilidades socioemocionais
De acordo com ela, autoconhecimento, autocontrole, empatia e escolhas responsáveis com avaliação de consequências, quando incorporados como ferramentas de reflexão e ação individual, mudam a vida dos estudantes no curto, médio e longo prazo.A diretora explica que os países desenvolvidos incluíram as habilidades socioemocionais em seus currículos, e que organismos internacionais importantes, como a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fórum Econômico Mundial, têm recomendado fortemente que essas habilidades sejam relevantes na formação de crianças e adolescentes. No Brasil, das dez habilidades que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) aponta como necessárias na formação básica, quatro referem-se aos aspectos socioemocionais.Para ela, no momento de escolher uma escola para o filho, a família não deve ignorar esses elementos de formação mais ampla. “Valorizar somente a transmissão de conhecimentos seria como olhar para trás e não para a frente. De certa forma, é preparar para o passado, não para o presente e futuro”, ressalta.