A história é feita de acertos, erros e dívidas. Precisa ser relembrada para que surjam novas condutas na forma como os seres humanos vivem e se relacionam. Desconstruir estereótipos, combater a discriminação, respeitar as diferenças, garantir direitos e fazer com que as pessoas se vejam como indivíduos e, ao mesmo tempo, parte de um todo – independentemente de sua raça, cor, etnia, gênero, idade, ou qualquer outro fator –, é construir representatividade e empoderamento.
“Como pais e educadores temos o dever de transformar leituras e comportamentos negativos
e separatistas, que se alongam do passado, em narrativas afirmativas, identitárias, a fim de fortalecer uma convivência ética e saudável, em que todos os membros da sociedade, sem exceção, sejam respeitados e tenham o sentimento de pertencimento preservado”, diz Sandra Dedeschi, educadora, mestre em psicologia educacional e autora do Programa Semente.
Na escola, o desenvolvimento de habilidades socioemocionais, como empatia, respeito, confiança, assertividade, entusiasmo e iniciativa social sustentam relações sadias. “Há várias estratégias para que o professor, de forma multidisciplinar, abra espaços de escuta e diálogo sobre representatividade e lutas históricas.
“Um fato noticiado pela imprensa, um trecho de uma música, um filme, uma postagem nas redes sociais são recursos para estimular a reflexão. O importante é debater, não silenciar”, enfatiza Sandra.
A família tem grande papel quando se trata de formar e informar, além de dar voz à representatividade. A educadora, escritora e especialista em diversidade, Janine Rodrigues, lembra: “É preciso toda uma aldeia para educar uma criança.”
Representatividade é um arranjo de flores
Um vídeo de Dona Dolores, que circulou pela internet, mostra que não é possível apagar a história. Mas ter a coragem de reconhecê-la, mobilizar forças e apresentar novos contornos é um passo rumo à representação, respeito à identidade e empoderamento.
A representatividade, em suas múltiplas frentes, é uma luta contínua. Necessita de políticas
públicas e privadas, bem como sensibilização e compromisso para fazê-la ecoar. Competências socioemocionais auxiliam neste sentido, ao desenvolver senso crítico e tomada de decisão.
“É na primeira infância que as crianças começam a se reconhecer como indivíduos e sua percepção de mundo passa a ser acessada a partir de diversas fontes. Ninguém nasce preconceituoso. A criança está aberta a conhecer e conviver com a pluralidade. Contribuir para que ela cresça confiando em suas potencialidades e valorizando as dos outros, é permitir a edificação de uma sociedade mais justa, empática e humanizada”, conclui Sandra.