O professor Ronaldo Carrilho explica que os sentimentos desagradáveis causados pelo desrespeito em ambientes presenciais também são sentidos no ambiente virtual
Você sabe o que é respeito? O conceito está atrelado à ideia de reciprocidade, de tratar as pessoas como gostaríamos de sermos tratados. E para saber se essa habilidade está sendo desenvolvida, é necessário olhar ao redor.
“Quando não for tratado adequadamente, você deve refletir sobre as emoções que aquilo lhe provoca, como a sensação de injustiça, de raiva, e entender que, se um dia maltratar alguém, essas mesmas sensações estarão lá espelhadas no outro”, explica Ronaldo Carrilho, diretor de conteúdo e inovação da Semente Educação.
Segundo ele, essa noção de respeito está associada à empatia, afinal a “empatia é a mãe do respeito”. Quando conseguimos perceber no outro aquilo que ele sente, é possível reformular um pouco nossas próprias ações.
Por isso, para desenvolver o respeito, é preciso lembrar as emoções que nos ocorrem quando não somos tratado de uma forma adequada e entender que esses mesmos sentimentos são gerados em outras pessoas quando as tratamos de forma inadequada.
Uma ferramenta que auxilia o desenvolvimento do respeito é a comunicação não violenta. Quando somos submetidos a um tratamento que nos causa um sentimento desagradável, antes de sermos tomados pela raiva, podemos externalizar isso para a pessoa de uma forma assertiva, porém respeitosa.
“Se você consegue fazer essa prática da comunicação não violenta, de ser assertivo, mas saber colocar o descontentamento com muito respeito, de alguma forma está desenvolvendo essa reciprocidade entre duas pessoas”, explica o autor.
Respeito no ambiente escolar
Quando se trata do ambiente escolar, o professor deve ser uma referência, mostrando uma conduta adequada e agindo de forma respeitosa com todas as pessoas com as quais ele convive, independentemente de ser um funcionário, um estudante ou os pais de alunos.
“O exemplo é a primeira coisa que devemos zelar. É como o ambiente familiar: não adianta os pais pedirem para os filhos serem respeitosos se, ao olharem os seus pais, ele não enxergam esse comportamento e não veem os pais sendo respeitosos com o porteiro do prédio ou no trânsito”, diz o especialista.
Além disso, em situações nas quais houve um determinado conflito ou que uma ação desrespeitosa ocorreu, o professor deve mostrar para a pessoa que cometeu o ato desrespeitoso que os sentimentos que ela causou no outro não foram agradáveis, mobilizando a empatia em cada um. Afinal, a pessoa precisa perceber que a sua ação causou consequências.
Também é fundamental que a pessoa que foi desrespeitada olhe para o que o desrespeito causa nela. Ela precisa entender que está com raiva, magoada, mas que precisa aprender a modular esses sentimentos, porque, se alimentados, não levam a nada positivo.
Por fim, é válido mostrar o impacto do respeito na coletividade, expondo exemplos positivos. Em ambientes em que predomina o respeito pelas pessoas, por exemplo, há aumento de produtividade, as relações são mais harmônicas, as pessoas se sentem mais livres, leves e felizes. Assim, em um ambiente escolar onde o respeito predomina, todo mundo sai ganhando.
Nas redes sociais
Para Carrilho, o comportamento do indivíduo na internet é uma consequência do trabalho desenvolvido no ambiente presencial. Um professor não vai conseguir monitorar o comportamento de seus alunos nas redes sociais, mas é importante que ele explique que o respeito deve ser espalhado em todas as suas formas de comunicação com o mundo e isso inclui as redes sociais.
As pessoas devem projetar o mesmo raciocínio do presencial para o ambiente digital. “Mesmo que não esteja vendo o indivíduo, é importante saber que a palavra ou brincadeira feita nas redes, ao chegar no outro, vai causar aqueles sentimentos que ele presenciou em sala de aula”, afirma Carrilho.
Essas ações devem ser cotidianas, constantemente vigiadas, e precisam envolver toda a comunidade escolar, pois não adianta que essa cautela seja uma prática isolada. “Devemos convidar os pais para esse tipo de conversa, pois vivemos em um mundo em que as relações estão muito dicotomizadas e é muito fácil entrar nesse campo do desrespeito. Portanto, se a pessoa entende isso em suas relações presenciais, fica mais próximo de conseguir isso nas relações nas mídias sociais”, finaliza o autor.