As competências socioemocionais colocam os jovens no domínio de suas atitudes e os orientam a lidar com situações desagradáveis
A pandemia da covid-19 exigiu medidas restritivas, como o isolamento social, o uso de máscaras e aulas à distância. Principalmente para as crianças e adolescentes, o menor convívio social impactou o aprendizado. Felizmente, ao dar ênfase à educação socioemocional nas escolas, os estudantes podem recuperar o atraso e desenvolver competências valiosas para a própria saúde mental.
Como aprender a lidar com os sentimentos desagradáveis?
Quando o assunto é lidar com emoções, um ponto fundamental é enfrentar as incertezas presentes no dia a dia. Diante de algo imprevisível, os estados do medo, como preocupação e ansiedade, são acentuados. “Não há nada de errado nisso. Na volta às aulas, a preocupação faz com que você arrume o seu material e se prepare para que dê tudo certo na escola. O sentimento só não pode paralisar você”, explica Celso Lopes de Souza, fundador da Semente Educação.
Por não entenderem o que são essas sensações desagradáveis, como o medo, a raiva e a tristeza, os jovens têm poucas ferramentas para enfrentá-las. O cenário melhora quando há uma educação específica para esse fim. “O primeiro passo é a alfabetização emocional. Reconhecer as próprias emoções e entender que nós não somos o que sentimos, nós somos quem sente”, explica Celso. Essa percepção coloca o indivíduo no controle de suas ações, evitando que ele seja arrastado pelo viés emocional.
O papel da escola
A educação socioemocional precisa estar presente na escola, já que é o melhor modo de preparar os jovens para encarar desafios pessoais e profissionais. No entanto os casos em que a saúde mental do estudante está nitidamente abalada devem ser encaminhados para especialistas, como psicólogos e psiquiatras.
“Se perceber, por exemplo, mudanças bruscas de comportamento, que perduram duas semanas ou mais, o estudante chorando, faltando nas aulas ou extremamente irritado, com sinais de automutilação, conteúdo de desesperança ou de ódio, é preciso conversar com os pais”, aponta. “Se existe um transtorno de ansiedade, uma depressão, deve haver um profissional olhando isso. O ambiente escolar não está preparado para dar essa assistência, mas está muito preparado para perceber mudanças.”
A união entre os pais e os profissionais da educação
Para alcançar um aprendizado socioemocional satisfatório e verificar a saúde mental dos jovens, a comunidade educacional precisa estar unida. “Professores experientes raramente se enganam e, por isso, é essencial ter proximidade com os pais, para comentar sobre o comportamento dos jovens.”
“Nunca foi tão importante a gente levar esse tema a sério. Essa é uma preocupação do mundo, não só do Brasil. Como a gente fala na Semente Educação, ‘sentimentos importam’ e já existem estratégias, baseadas em evidências científicas, indicando que podemos aprender a lidar muito bem com isso”, finaliza Celso.